O dr
António Bagão Félix dá-nos hoje conta, na crónica que escreve no Público, dos
resultados de uma investigação da University College de
Londres, publicada na revista Nature Neuroscience, sobre
certos aspectos comportamentais das pessoas, nomeadamente no domínio da mentira
e cujos resultados mostram que “quando a desonestidade aumenta, a reacção no
cérebro diminui”.
Mais
concluem os investigadores, entre outras coisas, que com a repetição, o cérebro adapta-se à desonestidade. Há uma adaptação
emocional e, a par da adaptação emocional à mentira, também a magnitude das
mentiras aumenta.
É um artigo extenso que os interessados nesta
matéria devem ler.
Eu li e apenas verifiquei que a equipa de
investigadores concluiu cientificamente aquilo que todos já sabíamos dos
mentirosos e que um ditado popular regista deste modo:
Coitado do mentiroso!
Mente uma vez, mente sempre,
E mesmo que diga a verdade,
Todos lhe dizem que mente.
É isso! A mentira torna-se um hábito e, ou se corta
pela raiz ou cresce cada vez mais.
Até o mestre Gepeto tinha esta noção ao fazer
crescer o nariz do Pinóquio quando mentia.
E eu vou estar mais atento porque me parece que os
narizes dos políticos andam a crescer, não sei se porque o homem da câmara a aproxima
demais, distorcendo-lhes as feições, se porque têm os investigadores do University
College razão nas conclusões a que chegaram. E o mestre Gepeto também.
E não consideraram os investigadores esta cena
triste que foi a nomeação da Administração da Caixa Geral de Depois em que as
mentiras e os “faz-de-conta” foram ridículos e, talvez porque a actividade cerebral
diminui depois da mentira, Presidente da república, Primeiro-Ministro e
Centeno, deixaram-se caçar no turbilhão da aselhice que mostrou a toda a gente
o que, aos poucos, se tornou evidente, por mais desmentido que fosse.
O Discurso do Ministro das Finanças foi patético e
fez-me pena o castigo que lhe impuseram daquela declaração pública mal amanhada.
O António Costa foi tentando passar entre os pingos
da tempestade e o Presidente engoliu um sapo, um daqueles bichinhos que adoram estes tempos de borrasca.
Um relatório deste episódio, ainda que vulgar na cena
política portuguesa, devia ser enviado aos investigadores, pois é em um caso
que merece ser estudado à luz das suas revelações científicas, as quais,
decerto, comprovaria.
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