ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

AFINAL QUEM MENTIU?




O dr António Bagão Félix dá-nos hoje conta, na crónica que escreve no Público, dos resultados de uma investigação da University College de Londres, publicada na revista Nature Neuroscience, sobre certos aspectos comportamentais das pessoas, nomeadamente no domínio da mentira e cujos resultados mostram que “quando a desonestidade aumenta, a reacção no cérebro diminui”.
Mais concluem os investigadores, entre outras coisas, que com a repetição, o cérebro adapta-se à desonestidade. Há uma adaptação emocional e, a par da adaptação emocional à mentira, também a magnitude das mentiras aumenta.
É um artigo extenso que os interessados nesta matéria devem ler.
Eu li e apenas verifiquei que a equipa de investigadores concluiu cientificamente aquilo que todos já sabíamos dos mentirosos e que um ditado popular regista deste modo:
Coitado do mentiroso!
Mente uma vez, mente sempre,
E mesmo que diga a verdade,
Todos lhe dizem que mente.
É isso! A mentira torna-se um hábito e, ou se corta pela raiz ou cresce cada vez mais.
Até o mestre Gepeto tinha esta noção ao fazer crescer o nariz do Pinóquio quando mentia.
E eu vou estar mais atento porque me parece que os narizes dos políticos andam a crescer, não sei se porque o homem da câmara a aproxima demais, distorcendo-lhes as feições, se porque têm os investigadores do University College razão nas conclusões a que chegaram. E o mestre Gepeto também.
E não consideraram os investigadores esta cena triste que foi a nomeação da Administração da Caixa Geral de Depois em que as mentiras e os “faz-de-conta” foram ridículos e, talvez porque a actividade cerebral diminui depois da mentira, Presidente da república, Primeiro-Ministro e Centeno, deixaram-se caçar no turbilhão da aselhice que mostrou a toda a gente o que, aos poucos, se tornou evidente, por mais desmentido que fosse.
O Discurso do Ministro das Finanças foi patético e fez-me pena o castigo que lhe impuseram daquela declaração pública mal amanhada.
O António Costa foi tentando passar entre os pingos da tempestade e o Presidente engoliu um sapo, um daqueles bichinhos que adoram estes tempos de borrasca.
Um relatório deste episódio, ainda que vulgar na cena política portuguesa, devia ser enviado aos investigadores, pois é em um caso que merece ser estudado à luz das suas revelações científicas, as quais, decerto, comprovaria.



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