ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

A PROPÓSITO DO ACORDO ORTOGRÁFICO 90



Eu creio que se meteram num colete-de-forças todos os que resolveram tomar partido pelo acordo o contra ele, extremando posições e assumindo, até, atitudes agressivas quando uma discussão deve ser tranquila para ser sensata e frutífera.
Seja como for, já se perdeu tempo demais e, sejam quais forem as razões de uns e de outros para julgarem dever ser assim ou de outro modo, a discussão começa a perder sentido e a entrar na birra, uma atitude que faz parte da má educação e não é um procedimento científico. Costuma ser o que faz quem sente que a razão lhe foge.
Jamais fui contra a simplificação ou contra outras alterações que o passar do tempo justifique, o que me não parece que seja o que aconteceu no acordo ortográfico que tanta celeuma levanta, justificado por razões que me não parecem, de todo, as mais razoáveis.
Algumas das soluções encontradas quase me parecem ridículas, enquanto outras até me podem parecer aceitáveis.
Mas o português europeu e o brasileiro fizeram o seu caminho ao longo de muito tempo de modos diferentes, tendo os brasileiros adaptado a escrita à pronúncia que adoptaram e não me parece que haja acordo que desfaça as diferenças existentes, o que jamais tornará a escrita do português universal.
Depois de muita contestação que a precipitação da oficialização do acordo em Portugal acabou por causar, entra em cena a Academia de Ciências de Lisboa que faz algumas sugestões para o aperfeiçoamento do acordo ortográfico da língua portuguesa.
Não me parece que elas vão ao fundo da questão que o acordo levanta, mas são sugestões que deveriam ser consideradas numa análise definitiva que ponha termo a uma questão, evitando que o mau e tão contestado acordo acabe por se impor pelo tempo ou pelos custos financeiros que já teve e não pelas suas virtudes.
Vem isto a propósito de um texto que acabo de ler no Jornal de notícias, no qual algumas das sugestões da ACL são expostas.
Esta contribuição, melhor ou pior mas, para mim, sempre de louvar, mereceu de uma professora de português esta afirmação que me parece grosseira: “Quando a Academia refere que estas sugestões constituem «um contributo que resulta de aturada reflexão em torno da aplicação da nova ortografia e sobre algumas particularidades e subtilezas da língua portuguesa que não podem ser ignoradas em resultado de um excesso de simplificação», é altura de dizermos que preferimos reflectir sem brincar, porque há mais de duzentos e cinquenta milhões de utilizadores da Língua Portuguesa e existe um tratado internacional que devemos respeitar”.
Pior do que isso me parece esta intervenção de alguém nos comentários que são feitos ao texto, escreve “…Essas criaturas sinistras que andam a defender a velha grafia com unhas e dentes, como se a identidade portuguesa dependesse em exclusivo das consoantes mudas, precisam de arranjar algo onde possam descarregar as suas frustrações existenciais. Andam todos de cabeça perdida. Houve até um que comparou a prof. Lúcia Vaz Pedro a um traficante de crack. Esta gente está fora de controlo!”.
O que se ha-de pensar disto?

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