É
para portuguesinho desinformado ver que tanto o Governo como o Presidente da
República enchem a boca com o grande feito que foi o défice alcançado no ano
que passou e o Governo diz ser 2,3%.
Em
notícias hoje publicadas, poderá ler-se, por exemplo, que “Bruxelas salienta que a arrecadação
de receita foi inferior ao orçamentado em 2016 e que isso foi parcialmente compensado por receitas
adicionais, que valeram 0,25% do PIB, através do Programa Especial de Redução
do Endividamento ao Estado (PERES), e pela contenção de despesa’. Despesa
prevista, já se vê, em programas de melhoramento da vida dos portugueses que se
não verificou.
Sem as medidas extraordinárias, o
défice orçamental português ‘ficaria nos
2,6% do PIB’, afirma a Comissão Europeia.
Confirmando-se
esta estimativa de Bruxelas, o que só se saberá em Maio, Portugal terá ficado
abaixo da meta de um défice de 2,5% em 2016, exigida pela Comissão Europeia no
verão passado, aquando do encerramento do processo de sanções”.
Como
o défice de qualquer maneira não é um objectivo em si, não será um indicador
que valha a pena realçar se for alcançado com medidas extraordinárias porque mostra
que, afinal, a economia portuguesa continua desequilibrada, sem recuperar a
dinâmica que lhe permitirá recuperar e fazer baixar a dívida externa que, ultimamente,
cresceu desmesuradamente, ao contrário do que deveria acontecer.
Se
a esta dívida monstruosa juntarmos a dívida privada que estas informações de
falsos sucessos ajudam a aumentar pelo consumo excessivo a que convidam,
ficaremos a compreender porque Portugal não passa do “lixo” no “ranking” das
empresas de notação financeira, assim como entenderemos o por que das
preocupações dos analistas que, sem propósitos eleitoralistas, alertam para uma
situação de alto risco, em vez de se congratularem com o fim da austeridade que
não passa de uma leviandade que, mais tarde, pagaremos bem caro. Como é natural
que aconteça.
Obviamente,
a desconfiança quanto a défices futuros aumentou, prevendo a União Europeia que
se verifiquem acima do que está definido que sejam.
E os juros sobem. Obviamente!
E os juros sobem. Obviamente!
O país está de facto altamente endividado. E não é só o Estado, são também as empresas e as famílias. Este nível excessivo de endividamento é um obstáculo ao crescimento sustentável e põe em causa a estabilidade do sistema bancário, o qual está aparentemente repleto de crédito malparado. Mas o que me preocupa mais a nível das contas públicas é a segurança social. Será que é sustentável? Dada a tendência de envelhecimento e de diminuição da população, suspeito que não.
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