Dizia Cristo que era mais fácil
vermos um minúsculo gão de pó no olho do vizinho sem nos darmos conta do
argueiro que temos no nosso.
Mas diz o povo, também, que “o
bom julgador por si julga”, ao que posso acrescentar “honi soit qui mal y pense”.
Enfim várias citações que, de um modo ou de outro, se aplicam vezes demais aos
comentadores que, neste país (eventualmente em outros também) não calam a sua
ânsia de notoriedade e, sem digerirem melhor o que se passa, logo opinam. E
como, Santo Deus!
Quando foram conhecidas as buscas
que estavam a ser feitas na Caixa BI e no BES a propósito das privatizações da
REN e da EDP, para muitos a conclusão foi óbvia: este governo que prometeu
transparência nos processos de privatização que fizesse, afinal era como os
outros! Quem poderia agora, de futuro, ter confiança no governo? Quem sabe se,
por isso, D Januário o chamou corrupto…
Ontem, veio o DCIAP esclarecer
que as buscas em curso nada têm a ver com as privatizações em si mesmas, as
quais não estão em causa, mas, simplesmente, a intervenções pessoais e pontuais
que é necessário esclarecer.
Escutei esta notícia, por acaso,
uma só vez, sem o destaque e a ribombância da notícia inicial das buscas que
nenhum pormenor ou razão de ser acrescentavam. Mais uma vez não dei conta de
igual tratamento da notícia errada e do seu desmentido ou esclarecimento.
Será que à CS apenas interessam
as parangonas que fazem vender e não as coisas vulgares que são as mais frequentes
na vida?
Pensava eu que todos nós,
portugueses, estaríamos profundamente interessados em que as coisas corressem
bem para, o mais rapidamente possível, podermos voltar a ter uma vida normal,
ainda que sem as “grandezas” e os disparates que nos perderam. Mas devia estar
enganado porque estes pulos de alegria que parecem dar aqueles que, como certas
pessoas, não gostam de ser sós, só me pode levar a pensar que continuam por aí os
ressabiados que preferem os falhanços que podem redimir um ex-governo incapaz e
leviano a um sucesso deste governo que possa beneficiar todos nós!
Esquisito, não é?
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