ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 13 de julho de 2012

O QUE É A DEMOCRACIA AFINAL?


Depois de tantos anos de uma revolução que a implantou em Portugal, parece-me, por tanta coisa que leio e vejo, ainda haver quem não saiba bem o que é Democracia.
O mais frequente é ser confundida com uma liberdade sem limites, a qual tudo consente sem que possa ser impedido ou recriminado.
Não me parece que seja isso a democracia, como não é tantas outras coisas com as quais é confundida, no que os políticos são hábeis manipuladores de “realidades” que da realidade não fazem parte.
Ninguém pode apelar a uma liberdade total porque há limites naturais e democráticos impostos pela liberdade dos demais. Não é democrata, pois, aquele que a reclama, o que julga ser seu direito fazer seja o que for, mesmo se contrário ao bem comum. E este bem não há como interpretá-lo de modos diferentes porque se trata de uma noção clara que a sociedade há muito interiorizou.
A democracia exige cada vez mais conhecimentos que nos impeçam de atitudes contrárias ao objectivo de qualquer sociedade, o qual só pode ser a felicidade possível. A democracia tem, pois, uma moral própria de respeito pelos direitos dos outros.
Não me sinto muito surpreendido com algumas coisas que vejo porque jamais esqueci o que vi no dia 26 de Abril de 1974.
Encontrava-me em Lourenço Marques para onde desloquei a minha actividade profissional para evitar uma terceira chamada ao serviço militar quando já era pai de três filhos. Era professor na Universidade Local.
No dia 26 de Abril de 1974, ao deixar a minha mulher junto ao local onde trabalhava, dei conta de alguém que estacionava o carro com as rodas em cima do passeio, o que naquela bem ordenada e ordeira cidade era coisa jamais vista.
Ao ser-lhe feito o reparo por um polícia que o ia multar pelo erro cometido, escutei do infractor esta explicação extraordinária: “Óh amigo, isso era ontem. Hoje estamos em democracia”!
Francamente, o meu entusiasmo pela revolução esfriou bastante.

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