Depois de
uma mal enjorcada decisão do Tribunal Constitucional que veio baralhar muitas
coisas, todos gostaríamos de saber qual será a alternativa que o governo vai
adoptar para compensar os dois mil milhões que irão faltar no Orçamento de
Estado para 2013.
Fala o
Tribunal de uma questão de equidade numa sociedade onde, desde há muitos anos ela
não existe, como é óbvio nas diferenças profundas entre as regalias dos
trabalhadores da função pública e da actividade privada. Duas realidades
distintas numa sociedade onde os deveres e os direitos deveriam ser equilibrados.
Mas não são e disso não se deu conta o Tribunal.
Eu, apesar
de a minha pensão ser, na sua maior parte, resultante de descontos que me
fizeram nos salários que a actividade privada me pagou, aceitei os cortes que
me foram impostos porque não via que de outro modo pudesse fazer quem não tinha
dinheiro para me pagar. Entre não ter nada e ter menos, como qualquer pessoa
razoável preferi o mal menor.
Quanto à alternativa
que o governo adoptará e ao contrário dos escandalizados comentadores que já
têm soluções prontinhas, admito que não tenha ainda sido completamente definido
o que vai fazer porque quem governa não pode nem deve ser tão apressado como os
que, sem essa responsabilidade, aproveitam todas as oportunidades, não para
fazer mas para dar nas vistas com ridículas demonstrações de saber. Quem
governa terá de pensar nas diversas hipóteses ao seu alcance, avaliá-las e
compará-las antes de tomar uma decisão que vai ter consequências, ao contrário
do que sucede com os opinantes, aos quais apenas resta o esquecimento a que a
curta memória do povo votará aquilo que tenham dito.
A
governação de improviso e por intuições, ao ritmo das opiniões que se ouvem, é como
tem sido a que em Portugal mais se pratica e tem como resultados os que nos
colocaram nesta situação de quem se enfeitou com anéis e outras bugigangas
mas se esqueceu do essencial que é prevenir o futuro! E assim caímos na
situação do novo rico pateta que depressa descobre que, afinal, o não é.
Foram anos
seguidos de disparates que, agora, em dois ou três anos terão de ser remediados
o que, todos o sabemos, é contrário à experiência que nos diz que o erro se
comete facilmente mas que remediá-lo é mais custoso e leva mais tempo!
Não há quem
não queira meter o bico nesta mistela de opiniões dos que querem tudo sem nada
dar em troca. Até ouvi o Presidente do Tribunal Constitucional dar o seu
palpite, o que me deixou a sensação insólita de uma decisão política e não
judicial.
Além disto,
interpreta-se o que diz o FMI que, sem mais receitas que equilibrem o que o TC retirou, exige o equilíbrio das contas nacionais e o crescimento
económico ao mesmo tempo. Mas que diferença haverá entre retirar um pagamento de salário ou de pensão (corte na despesa) e lançar um imposto que o equivalha (aumento da receita)? Talvez por coisas assim sempre tive uma total aversão à chamada "contabilidade" que tira de uma coluna para por na outra ou o contrário e chama coisas diferentes ao que tem iguais efeitos.
Mas a mim parece-me que o que devemos reter do que disse o FMI, porque a realidade claramente o demonstra, é que a recessão global estará a caminho, fazendo um percurso mais acelerado do que se esperava.
Mas a mim parece-me que o que devemos reter do que disse o FMI, porque a realidade claramente o demonstra, é que a recessão global estará a caminho, fazendo um percurso mais acelerado do que se esperava.
Nisto é que
deveríamos reflectir quando preparamos o futuro.
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