Todos tecem críticas e mais
críticas com prognósticos de tragédia e raramente se ouve quem, no meio de
tantas dificuldades e incertezas que parecem afundar a Europa e o Mundo, manifeste
alguma esperança no futuro e menos ainda quem tenha esperança de alcançarmos
aquele “crescimento” que nos reconduziria ao nível de vida de um passado
recente que nos fez pensar que o limite era o Céu.
Não acredito que seja possível regressar
à sensação de abastança que já vivemos porque não haverá meios para tal. Mas
creio ser perfeitamente possível alcançar um modo de viver com a qualidade própria
da dignidade humana e respeitador da Natureza a que, por mais independentes e
poderosos que julguemos ser, nunca deixaremos de pertencer e cujas leis e
ritmos não podemos desrespeitar para todo o sempre.
O maior erro nesta luta contra
uma crise que recomeça a cada dia, será tentar lutar contra uma realidade que
torna inútil toda a nossa ambição de crescer sem parar. Assim, perdemos tempo
que fará falta na reconstrução urgente de uma sociedade que terá de admitir que
um modo de viver menos faustoso, ainda que não menos ambicioso nem menos feliz,
é inevitável.
É mais do que tempo para
responder a algumas perguntas que as atitudes de protesto tornam indispensáveis
de fazer e nos permitirão saber como fariam e com que meios contariam os que se
rebelam contra uma austeridade ditada por uma vida que, ilusoriamente, parecia ter-nos
libertado da bíblica condenação de “ganhar o pão com o suor do rosto”!
O PS faria, certamente, como
sempre fez, com os mesmos resultados que sempre alcançou com os investimentos não
reprodutivos que parecem dar à economia uma força que não tem, com as
concessões de benefícios que, depois, alguém terá de pagar, com a submissão
incontrolada a direitos que a Constituição consagra mas, só por si, não
garante. As próximas eleições autárquicas, não a superação da crise, são a sua grande e imediata preocupação.
O PCP nada conseguiria fazer com
a cassete que, com o apoio da CGTP, acabou por recuperar e apenas diz o óbvio
de uma situação que já era esperada, reclama contra as perdas que já se sabiam
inevitáveis depois da euforia perdulária que se viveu e, sem nunca dizer onde
encontraria os meios para recuperar as “conquistas” que estes “corruptos”
destroem, continua a exigir a reposição dos níveis de salários e de emprego que
a situação do país, da Europa e do Mundo, não consentem.
A Extrema-Esquerda mantém-se,
como mais nada pode ser, como a caixa de ressonância do resíduo inconformado da
Sociedade, seja ela qual for.
Mas é hora de nos deixarmos de
lamentação tardias, de calar a exigência do que cedo demais delapidámos.
Se há modo de evitar a
austeridade que tanta dor nos causa, em vez de reclamar contra ela, digam como
é que fariam. Mas a sério… claro!
Gostei de ouvir Passos Coelho soltar
o grito que dá título a este escrito: “que se lixem as eleições, porque o que
interessa é Portugal”.
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