ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 13 de julho de 2012

AS LIÇÕES DO PASSADO


Quando muita gente, cada vez mais gente já reconhece que o consumismo é responsável pelos maiores problemas da Humanidade em que as alterações climáticas, a degradação ambiental e a escassez de alimentos, além da cada vez maior falta de recursos naturais indispensáveis para o manter, questões que deveriam balizar as nossas atitudes com vista a um futuro equilibrado, como pode ainda haver quem o louve, dizendo-o a causa da expansão do Bem-Estar da Humanidade que não parou de crescer desde 1946?
Assim pareceu de facto, ainda que, perante as dificuldades que agora vivemos, apenas lhes possa restar a esperança de regresso a um passado que não tem condições para voltar a ser realidade.
Olhar o passado é uma atitude importante para dele extrairmos as lições indispensáveis para não cometermos no futuro os erros que antes cometemos porque, se o não fizermos, estamos, com certeza, condenados a repeti-los.
Mas é indispensável saber interpretar as coisas, colher os ensinamentos certos dos resultados das análises e das experiências que fizermos.
Na actividade de investigação, na qual passei diversos anos da minha vida profissional, era costume contarmos aos mais novos uma anedota que tinha como objectivo lembrar-lhes a importância das interpretações que fazemos.
“Se arrancarmos uma pata a um gafanhoto, o colocarmos no chão e lhe pedirmos para saltar, ele salta! Se o mesmo fizermos arrancando, sucessivamente, mais patas, ele continuará a saltar, ainda que fazendo saltos menores. Mas se ao arrancarmos a última pata lhe pedirmos para saltar, ele não salta. Conclusão possível: sem patas, o gafanhoto fica surdo!”
Esta anedota patética é difícil de esquecer e, por isso, obrigar-nos-á, sempre, a ponderar as conclusões que tiramos das experiências que vivemos ou dos factos que conhecemos.
Olhar para a abastança do passado que, como sabemos, a necessidade de crescimento continuado para manter a economia cada vez mais aumentou, poderemos pensar que este Planeta tem recursos infinitos e, por isso, nada impedirá a continuação deste modo de vida regalado. Porém, parece mais razoável pensar que, neste sistema finito que é o Planeta que habitamos, acabaremos, um dia, por exaurir os recursos de que o consumismo necessita para se manter e que da abastança passaremos a uma vida de míngua.
Mas nem sequer necessitaremos de invocar a razoabilidade para tirar as conclusões mais certas depois de termos visto como cresceram e estoiraram os maiores bancos e as enormes empresas americanas que acenderam o rastilho desta crise que incendeia o mundo. Poderemos, perante estas realidades que a Economia Devoradora tenta disfarçar, continuar a pensar que as “bolhas” podem crescer indefinidamente sem estoirar?

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