Quando muita gente, cada vez mais gente já reconhece
que o consumismo é responsável pelos maiores problemas da Humanidade em que as
alterações climáticas, a degradação ambiental e a escassez de alimentos, além
da cada vez maior falta de recursos naturais indispensáveis para o manter, questões
que deveriam balizar as nossas atitudes com vista a um futuro equilibrado, como
pode ainda haver quem o louve, dizendo-o a causa da expansão do Bem-Estar da
Humanidade que não parou de crescer desde 1946?
Assim pareceu de facto, ainda
que, perante as dificuldades que agora vivemos, apenas lhes possa restar a
esperança de regresso a um passado que não tem condições para voltar a ser
realidade.
Olhar o passado é uma atitude
importante para dele extrairmos as lições indispensáveis para não cometermos no
futuro os erros que antes cometemos porque, se o não fizermos, estamos, com
certeza, condenados a repeti-los.
Mas é indispensável saber
interpretar as coisas, colher os ensinamentos certos dos resultados das
análises e das experiências que fizermos.
Na actividade de investigação, na
qual passei diversos anos da minha vida profissional, era costume contarmos aos
mais novos uma anedota que tinha como objectivo lembrar-lhes a importância das
interpretações que fazemos.
“Se arrancarmos uma pata a um
gafanhoto, o colocarmos no chão e lhe pedirmos para saltar, ele salta! Se o
mesmo fizermos arrancando, sucessivamente, mais patas, ele continuará a saltar,
ainda que fazendo saltos menores. Mas se ao arrancarmos a última pata lhe
pedirmos para saltar, ele não salta. Conclusão possível: sem patas, o gafanhoto
fica surdo!”
Esta anedota patética é difícil
de esquecer e, por isso, obrigar-nos-á, sempre, a ponderar as conclusões que
tiramos das experiências que vivemos ou dos factos que conhecemos.
Olhar para a abastança do passado
que, como sabemos, a necessidade de crescimento continuado para manter a
economia cada vez mais aumentou, poderemos pensar que este Planeta tem recursos
infinitos e, por isso, nada impedirá a continuação deste modo de vida regalado.
Porém, parece mais razoável pensar que, neste sistema finito que é o Planeta
que habitamos, acabaremos, um dia, por exaurir os recursos de que o consumismo
necessita para se manter e que da abastança passaremos a uma vida de míngua.
Mas nem sequer necessitaremos de
invocar a razoabilidade para tirar as conclusões mais certas depois de termos
visto como cresceram e estoiraram os maiores bancos e as enormes empresas
americanas que acenderam o rastilho desta crise que incendeia o mundo.
Poderemos, perante estas realidades que a Economia Devoradora tenta disfarçar, continuar
a pensar que as “bolhas” podem crescer indefinidamente sem estoirar?
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