Por mais que o governo espanhol o
queira disfarçar e desmentir, é cada vez mais evidente que o caos financeiro em
Espanha mostra mais a sua enorme dimensão a cada dia que passa. Afinal, este
paraíso que, aqui bem ao lado, nos fazia inveja, não era mais do que uma bomba
prestes a rebentar.
O problema não é de hoje porque vem
de há muito tempo, tal como aconteceu em Portugal.
Ainda me lembro de Saramago ter
afirmado que à fraqueza de Portugal apenas restava ligar-se a Espanha!
O país vizinho tem, desde há muito
tempo, uma taxa de desemprego altíssima, já da ordem dos 15% quando a nossa era
de pouco mais de 2 ou 3%, nos tempos da vida airada!
Se com uma taxa de desemprego de um
pouco mais de 15% estamos, porque é forçosos estar, preocupados, que dizer dos
25% de desempregados espanhóis? São um mundo de gente, mais de cinco milhões
que, um dia sem subsídio de desemprego, pode ser um problema sem solução
pacífica.
Esta crise mostra situações
desesperadas e números excessivos que, mesmo quando for atingido o reequilíbrio
que, fatalmente, um dia terá de o ser, seja qual for o nível em que se faça,
pouca ou nenhuma esperança deixam para uma economia de pleno emprego no futuro.
Mas esta questão do “emprego” é outra, sobre a qual será necessário reflectir
conjuntamente com o conceito de “trabalho” que, aos poucos, se foi perdendo. A
situação exigirá, agora, novas soluções e mudanças de hábitos, inevitáveis mas
difíceis de aceitar.
A situação espanhola, assim como
outras nesta União Europeia de faz-de-conta, preocupa-me seriamente porque estou
muito longe de pensar que “o mal de muitos é conforto...”.
É, simplesmente, terrível o que está
a suceder nesta Europa que parece cair de podre. É um mal que alastra e a todos
acabará por atingir.
Mas a par destas desgraças há,
também, países onde as coisas parecem não correr mal. A Finlândia, com um
território muito maior do que o de Portugal mas apenas metade da população
portuguesa, teve o bom senso de sempre gerir a sua economia de um modo
equilibrado e a Islândia, um pequeno país como Portugal mas com uma população
de pouco mais de 300000 habitantes decidiu, depois de se ter deslumbrado com o
novo-riquismo que nos perdeu a todos, cortar o mal pela raiz e voltar ao
trabalho no mar e no campo, como, antes do deslumbramento das engenharias
financeiras, sempre fizera.
Na terra dos mil lagos há uma
tradição de equilíbrio que a preserva, por enquanto, destas tropelias a que uma
descabida mania das grandezas a nós nos obriga, enquanto na ilha dos vulcões há
uma muito pequena população determinada a viver como sempre viveu e, por isso, afastou e puniu os que julgou culpados pelos maus momentos por que passou.
Um velho ditado diz que se a nau é
grande, grande é a tormenta! Talvez por isso são tão assustadores os problemas
que agora já são indesmentíveis na Espanha e começam a transparecer na Itália e
noutras economias europeias tradicionalmente tidas como fortes.
Portugal não tem uma economia forte
nem uma grande economia. É um país pequeno, uma pequena nau que, por isso, pode
contornar a sua tormenta se, como a Finlândia, for gerido de um modo
equilibrado e, como a Islândia, reconhecer que deve voltar ao mar e ao
trabalho!
Uma forte razão para não deixar para
amanhã a tomada de decisões que esta situação requer, é que todo o mundo se
encaminha para uma situação que não pode deixar-nos tranquilos.
Deixamos que as coisas aconteçam por
si ou decidimo-nos a controlá-las?
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