Nada se consegue com facilidade e aquilo que, por sorte ou
por outras artes, assim se consegue, não costuma ser muito duradouro.
São prova disso tantos casos de “gente bem sucedida” que,
afinal, tem na base do seu sucesso a corrupção, a burla, o roubo e tantas
outras atitudes asquerosas que não podem deixar de indignar os que tanto se
esforçam para ganhar o seu dia a dia e se contentam com muitíssimo menos do que
uma das suas luxuosas mansões possa valer.
Não vou aqui citar nomes dentre os muitos que, infelizmente,
ao longo dos últimos tempos têm sido notícia pelas piores razões. Parece que
foi preciso afastar uma certa linhagem de atores políticos para que ao de cima
viessem tantas porcarias como as que já estão a ser julgadas, outras que já se
conheçam mas das quais ainda apenas se sussurra o nome dos autores e outras mais
que, não faltará muito tempo, se virão a conhecer.
Se tudo somarmos, faremos uma ideia do quanto todos teremos
de pagar em austeridade e em impostos, por conta de tão ilustres criaturas!
São muitos, são demais os “zés ninguém” que muito depressa se
tornaram “senhores” e, porque assim o pareciam, eram respeitados como merece
ser todo o que tem o mérito de ser bem sucedido. Nunca ninguém questionava onde
estaria o génio que tanto êxito rápido lhes granjeava ou a sorte que tanto os
bafejava, como pouca gente, se alguém, ousaria pensar com que matreirices
conseguiram os seus sucessos.
Mas o povo, o sábio povo que, em ditos simples, de geração
em geração vai transmitindo a experiência que, ao longo de séculos, acumulou, acha
estranho que “quem vende cabritos mas cabras não tem…”, como sabe que “quem não
rouba nem herda, não passa…” de alguém que, como a maioria, tem de labutar dura
e seriamente para viver.
Tal como outrora, hoje apontamos o dedo a este, àquele e ao
outro que ontem quase endeusávamos pelos milhões que tinha mas que, afinal,
eram nossos. Hoje dizemos o pior dos que, afinal, traíram a nossa confiança. Mas
nunca nos culpámos de como nos deixámos distrair pelas migalhas que iam
deixando cair para nos desviarem a atenção. Mais até, há quem continue a distinguir os que agora julgamos serem criminosos pelas cores políticas que tenham, sendo quase
trivial o ridículo de ouvir dizer que, afinal “o teu corrupto ainda é mais corrupto
do que o meu”!
Tenho é pouca esperança que uma Justiça que não tem mostrado
ser eficiente, sobretudo em casos que envolvem essa gente, faça o que deve
fazer. Há sempre uma desculpa ou quem ignore qualquer coisa…
Talvez porque não impomos os nossos direitos, preferindo o comodismo que nos suga o sangue.
Talvez porque não impomos os nossos direitos, preferindo o comodismo que nos suga o sangue.
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