A substituição de Carvalho da
Silva na direcção da CGTP foi, não pode haver dúvidas, uma mudança
significativa que levou a Central mais para o interior do PCP. Passou, deste
modo, a ser uma correia de transmissão diretíssima que a sintoniza totalmente
com a ideologia e com o calendário político do vetusto partido que sofre da
obsolescência a que os ventos da História há já muito tempo o condenaram.
Sem um programa que possa
merecer, sequer, a consideração de poder ser uma alternativa a qualquer outra
ideologia – se de ideologias ainda se pode falar – ao PCP resta a exploração do
mal estar de um povo que sofre as agruras de uma dura austeridade a que outra “esquerda”
o condenou. É o que faz.
Esforçam-se o PCP e todos os seus
satélites, nos quais a CGTP se integrou, para provocar movimentos que pareçam
significativos e se deslocam por esse país fora, onde quer que o Presidente da
República, o Primeiro-Ministro ou qualquer outro membro do Governo se
encontrem.
São romarias de repetidos e monocórdicos protestos a que já pouca gente dá qualquer espécie de atenção ou de crédito, porque sabem
que não correspondem a movimentos genuínos que representem o sentir da grande
maioria dos cidadãos que, embora sofrendo as dores de uma vida difícil, sabem
bem nem ser este governo o responsável por elas nem esta via que poderá mudar
as coisas para melhor.
Por outro lado, as greves que a
CGTP não se cansa de instigar, vão fazendo mossa numa economia tão débil quanto
a nossa e, por mais que se esforcem, não são capazes de justificar por que
aumentam tanto as dificuldades dos cidadãos que sofrem os seus efeitos e, para
além disso, sabem que não resolvem os graves problemas acumulados que, antes
pelo contrário, tornam maiores.
Todos sabemos qual é a situação
financeira das empresas de transportes, durante tempo demais dirigidas por quem
não teve capacidade para evitar a sua falência, nas quais as greves são, nas
condições que a Constituição as permite, muito fáceis de fazer, mesmo sabendo
que nada com elas se poderá conseguir porque a total carência de meios o não
consente. Também não podem ser esquecidas as vantagens das quais os funcionários de tais empresas por tanto tempo beneficiaram e de cuja falta sentem , naturalmente, a falta!
Aliás e sobretudo nestes tempos de austeridade, as greves colocam-me duas
questões básicas, uma das quais me parece da maior oportunidade, agora que, por
questões de (des)igualdade, o Tribunal Constitucional declarou inconstitucional
uma lei do governo. Que greve poderia eu fazer, eu e os demais pensionistas,
para que nos sejam dadas melhores condições na reforma? Esta greve que,
porventura fizéssemos, não passaria de um devaneio ridículo que poderia até descer
a Avenida, como as marchas de Santo António, mas sem ninguém a bater palmas.
Não teria quaisquer consequências porque não prejudicaria ninguém, nem a
economia nacional. Por isso, nenhum efeito teriam.
Também, que sentido continua a
fazer uma lei revolucionária de há mais de 30 anos que permite fazer greve
quando, como e porque os grevistas quiserem, independentemente das
circunstâncias se, entretanto, se acumularam tantas razões que mostram que tal
direito, com a amplitude que lhe é reconhecida, não corresponde a qualquer razão de ser racional numa economia que
tanto se modificou e na qual o emprego é algo cada vez mais raro e impossível
de repor na dimensão que se pretende?
A economia do futuro
focalizar-se-á no trabalho e não no emprego, muito menos no que o PCP chama
emprego com direitos que, digam o que disserem, não passa de uma reforma
antecipada!
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