Continuo a não ouvir, do Governo,
do Presidente da República, do líder da Oposição, nem hoje do Presidente da
Câmara Municipal de Lisboa nas comemorações do 5 de Outubro, uma palavra sequer
sobre o que será o futuro de Portugal. Não me refiro à chamada Extrema Esquerda
porque, perdoem-me por isso, já não sou capaz da paciência que tantos
disparates me esgotaram.
António Costa aposta numa atitude
de rebeldia que ninguém nos consentirá, seja a Europa, o FMI ou o BCE. Concordo
que sermos, apenas, bons alunos é muito pouco e que um país tão antigo como
Portugal terá, sem dúvida, mais para dar à Europa do que subserviência. Mas não
vejo como este país, pequeno naqueles parâmetros que hoje definem a grandeza
dos países, pode obrigar a Europa a deixar a via de declínio pela qual
enveredou. A menos que a mensagem seja no sentido de mostrar que temos força
para a empurrar ainda mais.
Por isso, será num contexto de
inevitável mudança que teremos de encontrar um lugar que seja o nosso, que
teremos de adoptar uma atitude que possamos manter em vez de reclamar contra o
que nos impõem. Em suma, temos de decidir sobre o país que queremos ser. E se
quisermos ser o país que a realidade mos permite que sejamos, teremos de dela
começar a tomar consciência, no que, a via do conhecimento que o Presidente da
República apontou será indispensável. É indispensável conhecer melhor o mundo
em que vivemos para melhor nele podermos viver. O que os economistas dão mostras de desconhecer...
A primeira coisa a fazer é tomar
consciência de que houve uma via de crescimento que acabou e, com ela, uma
atitude consumista que não poderá continuar. São razões físicas, naturais que a
isso obrigam. Então porque a estultícia de querer regressar a tempos e atitudes
impossíveis se serão outras a vias para um crescimento diferente e outra a riquesa que podemos alcançar?
Mas todos os projectos apontam
no sentido do regresso ao passado que nos trouxe até aqui, toda a austeridade tem como objectivo esse regresso impossível
e, por isso, terá de ser cada vez maior, assim como todos os protestos reclamam
o regresso à “comodidade” daquele mesmo passado em que trocámos a iniciativa própria e o
trabalho pelo emprego onde podemos conquistar direitos e aliviar as obrigações.
Continuam todos, como enquanto
esperávamos pelo D Sebastião, à espera de um milagre que não pode acontecer
porque fomos longe demais numa via que tinha limitações que deveríamos
conhecer.
Daríamos outra grande lição ao
mundo se arrumássemos a casa para passarmos a ser o que podemos ser, em vez de
continuarmos a ser o Portugal Pequenino que sempre terá de fazer o que outros
lhe impuserem que faça.
Há outros caminhos que podemos
percorrer ou, mesmo, voltar a percorrer até fazermos do mundo que demos ao
mundo, aquele que será o melhor para viver.
Os dois discursos que hoje
escutei, no dia em que se comemora a implantação da República em Portugal, bem
foram merecedores do modo como a Bandeira Nacional foi içada!
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