Tudo tem a sua resistência
própria, a sua capacidade de resistir aos esforços a que é sujeito.
Um material qualquer, quando
sujeito a um esforço, deforma-se. De modo temporário se, suspenso o esforço,
retomar totalmente as suas características iniciais e de modo definitivo se o
esforço provocar deformações das quais o material não recupera totalmente
depois de aliviado. Em qualquer destes casos a deformação será tanto maior
quanto maior o esforço o for, também. Porém, quando o esforço ultrapassa um
certo valor, nem será sequer necessário aumentá-lo para que a deformação
prossiga até à completa ruptura que se torna inevitável! Por isso, quando o propósito não for destruir
o material, haverá que evitar sujeitá-lo a esforços dos quais não possa
recuperar.
Investigamos em laboratório, caso
a caso, como o material se comporta perante os esforços a que é submetido, a
fim de conhecermos as condições em que pode ser utilizado.
Sucederá assim quando, em vez de
um material qualquer, for um ser humano aquilo que é esforçado? Dizem que sim
os especialistas em tortura que fazem das suas “câmaras” autênticos bancos de
ensaios. Eles sabem haver um ponto para lá do qual a “resistência” é quebrada e
o indivíduo perde toda a sua capacidade para recuperar do esforço a que é
sujeito.
Muitas vezes me pergunto se estas
serão conclusões aplicáveis quando o “esforço” se traduzir nos tormentos
físicos e mentais a que a austeridade, de modo continuado e em crescendo, nos
submete. E não posso deixar de pensar que sim porque haverá uma capacidade de
suporte para além da qual apenas a ruptura poderá acontecer porque se anula a
esperança em melhores dias, se perde a coragem necessária para vencer e se teme que, a maus dias, outros dias piores se possam seguir.
Sem comentários:
Enviar um comentário