Christine Lagarde, diz que o FMI
avaliou mal as consequências negativas da austeridade que, afinal, podem ser
mais do triplo do que pensava que seriam; Durão Barroso afirma que Bruxelas
nada tem a ver com as medidas que os governos tomam para ultrapassar a crise da
dívida e o Governo diz que as medidas lhe são impostas pela Troika!
Depois dos disparates feitos que levaram
a austeridade a endurecer em vez de abrandar após o primeiro ano em que apenas
medidas drásticas poderiam surtir efeito, ninguém assume a responsabilidade pela
situação a que se chegou, ninguém a corrige apesar de reconhecido o erro e
tornou-se mais do que evidente uma baralhação completa da qual os resultados
não serão nada simpáticos.
Apesar dos sinais claros que
recebeu, o Governo acabou por ficar isolado do povo que governa e dos que
formam a Troika que o apoia, para além de já não ter um só analista que o defenda
nas medidas que toma!
O Primeiro-Ministro e o Ministro
das Finanças mal aparecem e, quando o fazem, dizem coisas que nada significam,
talvez porque não entendam o que está a acontecer.
Poucos dias restarão ao
Primeiro-Ministro para o poder continuar a ser, a menos uma atitude qualquer
que torne forte um governo tonto e às aranhas com a tarefa que, já disso nos apercebemos,
não sabe realizar.
Mas não pretendo dizer, com isto,
que os críticos do governo o saibam. Infelizmente. E isto está a ser a origem
de uma onde de contestação que nem precisa de razões claras para se propagar e
tornar maior.
Afinal o que significa o acordo
feito com a Troika, no qual foram impostas medidas de austeridade às quais
alguém chegou a chamar punitivas? Mas punitivas de quem? Só poderia ser do povo
que, afinal, foi induzido em erros
grosseiros por aqueles que, agora, gozam a vida onde bem lhes apetece ou se
mantêm em lugares políticos que espreitam a governação!
Afinal, as medidas de austeridade
punem quem?
Por outro lado, Portugal tem sido
apontado como o “bom aluno” que está no bom caminho que é, agora, aquele que
uns reconhecem ser mau e outros dizem não ser da sua responsabilidade.
Esqueceram Christine Lagarde e Durão Barroso o que antes haviam dito ou o que
significaram as inspecções periódicas da Troika a as suas “aprovações” dos
resultados das medidas aplicadas?
O Orçamento de Estado que o
Governo aprovou numa maratona à boa maneira do PREC, quando os Concelhos de
Ministros duravam eternidades, não contém qualquer solução que não seja,
realmente, fazer-nos empobrecer. Pior do que isso, fazer-nos entrar numa crise sem precedentes da qual vamos sair muito mal tratados.
Eu havia entendido o termo
“empobrecer” que o Primeiro-Ministro utilizou como uma referência a termos de
viver uma vida com menos dinheiro mas, mesmo assim, com a qualidade que a
evolução em muitos domínios nos permitiria. Teríamos de abdicar dos excessos,
quer públicos quer privados, haveria que acabar com tantos desperdícios a que a
leviandade pública e de cada um haviam dado lugar, teríamos de ser
trabalhadores e empreendedores, enfim, teríamos de conquistar com dedicação e
com trabalho duro aquilo que julgámos ter conquistado com revoluções, reivindicações,
manifestações e greves!
Agora está o caldo entornado. Mas parece que ninguém se dispõe a limpar o que sujou.
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