ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 9 de outubro de 2012

O ENTENDIMENTO DAS COISAS

Ao longo da minha vida pessoal, pouco mais do que um nada na vida da Humanidade, a população humana mundial triplicou, a degradação ambiental causada pela actividade económica atingiu níveis preocupantes para a própria sobrevivência da Espécie Humana, foram consumidos cerca de três quartos das reservas de petróleo aproveitáveis, são lançadas na atmosfera mais quantidades de CO2 e de enxofre do que as que resultam de fenómenos naturais, os gases de estufa resultantes da actividade económica interferem sensivelmente nos processos de alterações climáticas que se estão a tornar preocupantes, aproximámo-nos perigosamente da ruptura da capacidade de suporte alimentar do nosso planeta, reduziu-se drasticamente a biodiversidade e as reservas de recursos naturais atingiram níveis perigosos de sustentabilidade.
São alterações drásticas que acontecem num curto período sem expressão temporal significativa nos cinquenta a cem mil anos de existência e evolução do Homem, mas muito marcantes da História da Humanidade que, como de outras vezes aconteceu, atingiu uma outra situação de confronto, desta vez não entre facções de si própria mas com a própria Natureza da qual, por mais que dela queira excluir-se, sempre fará parte.
Apesar disso, apesar de tantas mudanças de que me dei conta, há atitudes e procedimentos que, praticamente, nunca vi mudar.
Por exemplo, a democracia continua a ser o confronto de curto prazo em que se disputa o poder em vez de ser, como o seria a democracia da solidariedade, o projecto de futuro que realizaria o melhor possível os nossos sonhos e minimizaria os sofrimentos desta Humanidade que, tal como as demais comunidades de seres vivos da Terra, tem de se esforçar para sobreviver. Um conceito que pouco mudou desde Aristóteles!
Pelo seu lado, a Economia continua a aplicar os princípios e as regras que, desde há mais de cem anos, um mundo diferente sugeriu e não encontra, nas teorias que desse modo construiu, explicações para uma crise sem fim que resiste a todas as mezinhas e tratamentos que lhe sejam aplicados. A Economia parece ter fechado os olhos à realidade que continua a pensar que seja aquela que, afinal, já não é, em consequência de tanto que mudou.
Por tudo isto, muito simplesmente eu pergunto, aos ilustres sabedores das ciência políticas e económicas que insistem em resolver problemas que se vão agravando, com soluções que não resultam, porque, se tanta coisa mudou, não conseguem mudar o seu entendimento das coisas para encontrarem soluções que resultem?

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