Quanto a mais austeridade, um
temor que não há modo de sair do nosso dia-a-dia, aquilo que já podemos saber,
e não é tudo, faz-nos pensar em como será duro de passar o próximo ano. Decerto
bem pior do que este está a ser.
Não pensava eu que tivesse de ser
assim, que tivesse de ser ir tão longe no “apertar do cinto”, nas falências e
no desemprego, ainda que soubesse que bastante dureza seria inevitável.
Escrevi, há bastante tempo já que,
apesar da mudança de modo de viver que as circunstâncias naturais mostram ser
inevitável, esta “economia” esgotada iria tentar sobreviver o mais que pudesse,
daria mais umas umbigadas para tentar resistir a um destino fatal e os
economistas tudo fariam para que esta fosse mais uma crise que se ultrapassaria
com umas quantas receitas que algum Keynes, Friedman ou outro laureado qualquer
tenham, em tempos, prescrito. Mas a cada dia é mais evidente que todas as
receitas falham e que nem a desvalorização da moeda na já segunda maior economia
mundial, a China, nem as injecções maciças e ilimitadas de dinheiro na
primeira, os Estados Unidos, evitam o caminho para a recessão global que, tudo
o indica, acabará por dominar o planeta, o que, aliás, um mero raciocínio
físico não fazia difícil de prever, também.
Aqui em Portugal onde, na sua
pequenez territorial, mesmo assim tão mal aproveitada, as coisas deveriam ser
mais simples de resolver, deixámo-nos encantar por projectos megalómanos que “nos
deixariam muito bem colocados na partida para um crescimento económico imparável”,
a leviandade fez-nos cair numa situação de dependência humilhante por dívidas
que nem todo o rendimento nacional de um ano inteiro consegue pagar.
Quando do logro nos demos conta,
era urgente afastar do poder os que nos colocaram nesta medonha situação e
foram afastados; era justificada a esperança num novo governos que tudo fizesse
para dela nos livrar, e tivemos esperança; eram inevitáveis medidas duras de
austeridade num país que gastou demais e elas foram aplicadas; era de esperar o
”redimensionamento” do Estado esbanjador e ultra benemérito que permitisse
poupar recursos escassos, mas tal não aconteceu; era natural que reagíssemos a
mais medidas de austeridade que um mau trabalho do governo não permitiu evitar
e reagimos; eram de prever novas medidas de austeridade e elas estão a chegar!
Faltam já poucos dias para sabermos quais.
E o rosário continuará se, muito
rapidamente, não tomarmos consciência de que o mundo está diferente e, por
isso, antigas receitas deixaram de resultar e de que da riqueza enorme que
julgávamos possuir apenas pouco mais do que cotão nos resta no fundo dos bolsos.
Por isso, não poremos fim ao rosário se nos não convencermos de que o Estado
Social não é um maná que sempre tem de cair do Céu quando é preciso e, por
isso, nos não dispensa do esforço pessoal do qual nunca poderá ser mais do que
um complemento. E mais continuará se não regressarmos à iniciativa e ao trabalho
que a maioria de nós trocou por empregos que julgou seguros e com direitos que
jamais alguém nos poderia retirar.
Sinto a frustração de uma
esperança que não vi concretizada e vivo o temor de um futuro que não sei o que
nos reserva, tantos me parecem os disparates que por aí se fazem.
Muito cuidado com o que seja feito, com a crise que poassa acontecer, porque as consequências serão terríveis.
Mas que é necessário que nos manifestemos... isso é!
Muito cuidado com o que seja feito, com a crise que poassa acontecer, porque as consequências serão terríveis.
Mas que é necessário que nos manifestemos... isso é!
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