O parlamentarismo clássico está ultrapassado
e desadequado às circunstâncias actuais, tal como a “democracia do confronto” em
que se baseia deixou de ser a mais própria para resolver os problemas que são
cada vez maiores, mais complexos e não se resolvem com ideologias ou crenças
populistas, sejam elas quais forem.
Jamais algum partido político
respeita o princípio, implícito no ideal democrático, de que o povo escolhe uma
maioria e que o governo por ela formado será o governo de todos. Nenhum partido
respeita este princípio porque a guerra da disputa do poder começa logo no dia
a seguir às eleições, sendo um estado de confronto permanente e não de
solidariedade e de cooperação o que se instala e não permite avançar com projectos
de longo prazo, com reformas estruturais ou seja com o que for e, muito menos,
dá tempo para estudar os problemas e para eles encontrar a melhor solução. São
sempre soluções de inspiração oportunista ou de recurso as que acabam por ser
adoptadas, longe das que a os problemas reais reclamam.
Com o tempo da fartura também passou
o tempo das soluções de curto prazo, as únicas de que a democracia tradicional
é capaz. Hoje, com o que cada vez melhor sabemos, a Humanidade necessita de
soluções de fundo, de longo prazo que o confronto permanente jamais permitirá.
O dia de amanhã deixou de ser o
que mais interessa quando é o futuro que está em causa numa sociedade que vai
acumulando problemas que a “política” finge estar preocupada em resolver mas
não resolve porque lhe não convém resolver ou porque as forças que a controlam lho não
consentem. E, deste modo, os problemas crescem, ficam mais difíceis de
resolver. Em consequência, o futuro será mais difícil.
A discussão do OE 2013, em curso
na AR é uma prova autenticada do que acabo de dizer. É um campo de batalha
aquele plenário onde se cospem ferozes acusações em vez de se procurarem
melhores soluções para um orçamento que todos afirmam poder ser melhorado!
É nítida a não existência das
alternativas que todos dizem possuir para tirar o país da crise e, até mesmo,
quando é chegada a hora de assumir o empenhamento que seja proposto para participar em melhores soluções, logo é
rejeitado com desculpas que apenas fazem sentido numa guerra pelo poder e nunca
numa campanha para salvar o país e dar mais conforto a tanta gente que dele
cada vez mais necessita!
Em vez da colmeia de
trabalhadoras abelhas que nos ofertariam o seu mel, a Assembleia da República
tornou-se um ninho de vespas que cada vez nos espeta mais fundo o ferrão
doloroso desta austeridade sem fim.
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