Pela primeira vez oiço colocar a
questão com alguma clareza, o que não é fácil neste mundo de tantos interesses
desviados, mas onde as condições de vida reais fatalmente nos empurram para uma reflexão
sobre o que aquilo de que dispomos nos pode proporcionar. É a questão de
sobrevivência a que a dimensão finita deste espaço que habitamos nos obriga. É
a questão da solidariedade para com o próximo, seja o que connosco convive seja
o que depois de nós virá e a quem devemos legar um lugar adequado para viver.
Uma crise sem fim à vista, com soluções
de austeridade crescente e a irresponsável ânsia de recuperar o estilo de
vida que a ela nos fez chegar é uma boa razão para reflectir sobre o futuro sustentável
que, afinal, podemos ter.
Não me surpreende, pois, que tantos
desaires nas previsões convencionais numa economia que já não é mais o que era,
tenham, finalmente, mostrado ao Governo a necessidade de redefinir o Estado
Social que, tudo o indica, entrou em falência.
Tendo em vista esta
reestruturação de objectivos possíveis, o Governo procura agregar o PS à reflexão
e convida-o para participar na discussão do que deve ser o Estado Social que o
país pode ter. É este, sem dúvida, o ponto de partida sem o qual toda a discussão
cairá no vazio e não irá além do discurso conflitual característico da
constante luta pelo poder que descura e, até, se opõe aos interesses nacionais.
Esta discussão ou estudo, como
prefiram chamar-lhe, há muito que devia estar feito entre nós, porque há muito o
fizeram pessoas para quem pensar o futuro é a missão. Há dezenas de anos que o
chamado “walfare state” que providenciaria todas as necessidades dos cidadãos,
não passa de uma miragem que uma visão atenta da realidade demonstra
inalcançável.
Entre o nada a que a falta de senso
por certo nos condenará e seja o que for que uma reflexão sensata nos mostre
ser possível, está a diferença na qualidade de vida que poderemos garantir com
as medidas que tomarmos, as sensatas que o Governo propõe para repensar o futuro ou as demagógicas que
levam o PS a recusá-las!
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