Por vezes, as surpresas
acontecem. Que o diga José Sócrates que, em vez da habitual interlocutora no
programa de comentários que lhe consentem na RTP teve, pela frente, um
jornalista experimentado, José Rodrigues dos Santos, que resolveu confrontar o
agora comentador político com afirmações que fez nos seus tempos de primeiro-ministro.
Pareceu-me bem o que
Rodrigues dos Santos fez, agora que Sócrates se dispõe a participar na campanha
eleitoral do PS que deseja regressar às vitórias eleitorais, mesmo à custa de
recusas de atitudes que muito beneficiariam Portugal.
Mas a memória onde tudo se
guarda é, sempre, uma caixinha de surpresas da qual podem sair as coisas mais
extraordinárias. Puxou por ela Rodrigues dos Santos que, naturalmente, quis entender
por que razão, como comentarista ou oposicionista, Sócrates olha as coisas de
um modo diferente de quando detinha o poder.
Sócrates parece ter
esquecido o que sentia e pensava naqueles tempos de chefe do governo, quando se
declarou, tal como Passos Coelho agora diz em face da crise grave que dele
herdou, disposto a fazer tudo o que for
necessário para alcançar as metas orçamentais, para o que um consenso é muito importante! E nisso se
incluíam os abaixamentos de salários, os cortes e tantas demais coisas causadoras
da austeridade que as circunstâncias impediram de evitar.
Foi tal a atrapalhação e a
irritação de Sócrates perante a realidade a que Rodrigues dos Santos o expôs que
acabou por confessar não estar “preparado” para tratar destas questões, como
jamais o estará quando tem como explicação única serem agora as condições
diferentes, porque o seu era um governo minoritário!!!
Será este o Sócrates que
vai dar alento à campanha eleitoral do PS que recusa o “consenso” que antes
pediu e não concorda que este governo faça os “cortes” necessários para
alcançar das metas orçamentais, tal como antes o PS também fizera e mais se dispunha
a fazer?
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