ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 30 de março de 2014

E DEPOIS DO SHOW…

Há coisas que impossíveis de passarem despercebidas. São, como o cheiro do pão quente, impossíveis de disfarçar.
Assim é o facto que sempre me fizeram notar de que “bom não é ser ministro, mas sim ex-ministro”. E prova esta verdade a comparação dos rendimentos antes e depois do exercício de cargos governativos. De poucas dezenas de milhares de euros, como é corrente em profissões que exigem elevado nível de formação académica, passaram a muitas centenas de milhares ou a milhões, como no milagre da multiplicação dos pães que a Bíblia nos conta! Ou então, como ouvi Catroga dizer, num momento de humor engraçado, pelo valor que, entretanto, adquiriram no “mercado”.
Há décadas que o governo me não revela valores extraordinários, daqueles que apetece perguntar “por onde tens andado?” Não vi, quanto a rasgos de inteligência ou a feitos de notável valor, muito mais do que pessoas vulgares que fizeram conhecimentos e compilaram informação ou sei lá que mais que lhe valeu lugares muito generosamente remunerados. Posso, até, dizer que vi pessoas que, por atitudes e por decisões que tomaram, me pareceram de curto entendimento e de muito fraco empenhamento na gestão do bem comum, alcançarem, posteriormente, sucessos financeiros que uma carreira normal a alguém verdadeiramente sabedor e muito competente jamais proporcionaria.
Há, mesmo, casos em que a passagem pelo governo não passa de uma desobriga a cumprir rapidamente, bastando um qualquer pretexto para lhe por fim. Por exemplo, sempre me causou uma tremenda decepção a tão pronta demissão de Jorge Coelho, ministro do equipamento social do XIV Governo Constitucional, logo após o gravíssimo acidente da Ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os Rios, deixando sem tutela um processo delicado e socialmente muito importante porque envolveu a morte de dezenas de pessoas em circunstâncias que deveriam ter um adequado esclarecimento relativamente às causas que o proporcionaram, por se tratar de uma infra-estrutura da responsabilidade do Estado!
E tudo acabou sem que fosse esclarecida, como deveria, a causa real de tão horrível mas evitável tragédia. Um ministro responsável tudo faria para que fosse alcançado o total esclarecimento do que se passou. Só então faria sentido retirar-se!
Por tanta coisa que tenho visto, não posso deixar de estar ciente de que ser um ministro responsável não é coisa de que muitos sejam capazes, mas que é coisa que muitos desejam pelos benefícios que trás. Seja lá pelo que for...
É que, tal como acontece aos participantes dos degradantes “reality shows” que a TV nos mostra, a vida de quem por eles passa jamais volta a ser a mesma.
Vi, há pouco tempo, numa rede social, a informação sobre como subiram em flecha os rendimentos de muitos que passaram por ministérios e fiquei esclarecido de como se forma o “valor de mercado” que não é, de todo, aquele de que Portugal necessita para se tornar melhor.
Foi essa a causa desta reflexão, pois não encontrei melhor nos filmes de “horrores” ou de “comédia de mau gosto” que, entretanto, a classe política, comentadores e jornalistas incluídos, vão montando com os episódios dignos de dó que realizam, em condições que me levam a perguntar por onde andarão a inteligência e o bom senso.
Mas, o oportunismo nota-se bem por onde anda!


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