Quando é o futuro? Agora,
amanhã, daqui a cem ou mil anos?
O futuro é tudo isso e
mais até.
Mas fiquemo-nos pelo
futuro previsível, aquele que nos julguemos capazes de controlar. Esse será até
quando? Dez, vinte, trinta anos ou apenas o prazo de uma legislatura, findo o
qual muitos entendem que “outros” devem ter a sua oportunidade de mostrar o que valem? Se
for este, não passará de ser o equívoco dos que julgam que é mudando que os
problemas se resolvem. Mas porque se não resolvem mudando mas sim pensando e
melhorando, a mudança é, também, o erro dos que deixam para a “dinâmica democrática”
a solução dos problemas que ela, só por si e ao contrário do que alguns afirmam,
não pode resolver. Porque a democracia, como um conjunto de normas que é, obviamente
não pensa. Simplesmente actua, mesmo que o não faça do modo mais adequado ao ambiente
a que se aplique nem ao momento que se vive.
Mas é um velho hábito
português não valorizar o esforço já feito, desperdiça-lo até, preferindo a
ruptura, a aventura de um recomeço incerto que promessas de sucesso lhe
insinuam. Foi quase sempre esta a razão da alternância que temos vivido, à qual,
apesar de a culparmos de logros em que já caímos, continuamos a dar todas as
oportunidades.
Mas não será com disputas
estéreis, como demasiadas vezes acontece, em vez da cooperação que a solução
dos problemas exigiria, que a democracia portuguesa se consolidará e deixará de
ser, como alguém com oportuna ironia já disse, “a suspeita periódica de que a
maioria tem razão”.
Não é uma democracia
consolidada a que temos, tampouco aquela de que necessitamos para preparar o
futuro difícil que temos pela frente e que fica muito para lá do curto prazo
que a sua profunda miopia não tem conseguido ultrapassar.
O futuro de Portugal exige
que esta democracia que, por demasiadas vezes, adopta procedimentos abrejeirados,
se redima dos erros que já cometeu e se concentre no que é importante, exclua
das suas disputas interesses que não sejam os de todos nós e, em vez de experiências
falhadas, encontre e prepare, com bom senso, com ponderação e com cuidado, as
soluções das quais temos urgente necessidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário