ACORDO ORTOGRÁFICO

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sábado, 8 de março de 2014

DEMOCRACIA, VISÃO DE CURTO PRAZO OU DE FUTURO?

Quando é o futuro? Agora, amanhã, daqui a cem ou mil anos?
O futuro é tudo isso e mais até.
Mas fiquemo-nos pelo futuro previsível, aquele que nos julguemos capazes de controlar. Esse será até quando? Dez, vinte, trinta anos ou apenas o prazo de uma legislatura, findo o qual muitos entendem que “outros” devem ter a sua oportunidade de mostrar o que valem? Se for este, não passará de ser o equívoco dos que julgam que é mudando que os problemas se resolvem. Mas porque se não resolvem mudando mas sim pensando e melhorando, a mudança é, também, o erro dos que deixam para a “dinâmica democrática” a solução dos problemas que ela, só por si e ao contrário do que alguns afirmam, não pode resolver. Porque a democracia, como um conjunto de normas que é, obviamente não pensa. Simplesmente actua, mesmo que o não faça do modo mais adequado ao ambiente a que se aplique nem ao momento que se vive.
Mas é um velho hábito português não valorizar o esforço já feito, desperdiça-lo até, preferindo a ruptura, a aventura de um recomeço incerto que promessas de sucesso lhe insinuam. Foi quase sempre esta a razão da alternância que temos vivido, à qual, apesar de a culparmos de logros em que já caímos, continuamos a dar todas as oportunidades.
Mas não será com disputas estéreis, como demasiadas vezes acontece, em vez da cooperação que a solução dos problemas exigiria, que a democracia portuguesa se consolidará e deixará de ser, como alguém com oportuna ironia já disse, “a suspeita periódica de que a maioria tem razão”.
Não é uma democracia consolidada a que temos, tampouco aquela de que necessitamos para preparar o futuro difícil que temos pela frente e que fica muito para lá do curto prazo que a sua profunda miopia não tem conseguido ultrapassar.
O futuro de Portugal exige que esta democracia que, por demasiadas vezes, adopta procedimentos abrejeirados, se redima dos erros que já cometeu e se concentre no que é importante, exclua das suas disputas interesses que não sejam os de todos nós e, em vez de experiências falhadas, encontre e prepare, com bom senso, com ponderação e com cuidado, as soluções das quais temos urgente necessidade.  


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