Em Junho de 2010, em pleno
“consulado” de José Sócrates, eu escrevia nestas minhas reflexões: “Para
além de um PEC – Plano de Estabilidade e Crescimento – que de estabilidade e
crescimento nada tem porque não passa de um pacote de medidas que aumentam as
contribuições dos cidadãos para fazer face a uma despesa pública que não pára
de crescer, diversas medidas avulsas vão reforçando o controlo do Estado que,
deste modo, se vai tornando num repugnante a fascizante “Big Brother”.
Em consequência, temos um
país cada vez mais dividido entre o que os cidadãos sentem no seu dia a dia e
as “convicções” do governo traduzidas em declarações falaciosas e sem
confirmação que já passaram por sermos o país com melhores condições para
resistir à crise, por sermos o campeão europeu do crescimento económico, por
conseguirmos reduzir a pobreza e o desemprego, entre outras “patranhas” cada
vez menos convincentes.
O pior é que a estas
iniciativas do governo, cada vez mais incoerentes, não contrapõe a oposição
atitudes firmes para as impedir.”
É estranha a falta de
memória de tanta gente que hoje critica o Governo PSD/CDS exactamente como,
outrora, criticava o do PS, desejando voltar a um “antigamente” que agora julga
de sucesso.
Mas esta história teve um
final bem diferente, que foi a queda no abismo da quase bancarrota, bem
diferente da estória que contam os socialistas que, em vez disso, culpam o
governo de Passos Coelho pelo que teve de fazer para amenizar as desgraças que
um governo PS provocou, para firmar as bases da construção de um futuro melhor.
Não acredito na falta de
memória dos políticos, mas não posso deixar de notar a falta de memória dos
que, enfraquecidos pela austeridade que foram obrigados a viver, caem no
ardiloso engodo dos que apenas têm em vista conquistar o poder que, por
incompetência, perderam.
Dizem as sondagens que o
PS será o vencedor das próximas eleições legislativas e, em consequência, lhe
competirá formar governo. Nestas condições, por que iria cooperar com o Governo
no plano de recuperação pós-Troika? Obviamente, sistematicamente o recusa e,
com isso, todos acabaremos por perder!
O pior destas mudanças que
a democracia da mera alternância consente é que os disparates se repetem
sucessivamente, sem que, com eles, alguém aprenda alguma coisa.
E, assim, só poderemos ir
de mal a pior, fazendo e desfazendo e dando ao mundo uma ideia de inconstância
que não nos favorece quando dele necessitamos.
Sem comentários:
Enviar um comentário