Parece-me natural que o
ministro das finanças que nos conduziu até aos resgate financeiro, aquele ministro que
aceitou, sem protestar, os devaneios de um governo que duplicou o endividamento
público e permitiu que Portugal e se financiasse com juros crescentes que
considerava sustentáveis até sete por cento, tenha bastante para dizer sobre o
modo de dele sair.
E julgo, também, que deva
ser escutado porque, sem dúvida, muito terá pensado sobre isso e,
consequentemente, aprendido com os erros que cometeu, erros que, estou certo,
hoje não repetiria.
Mas deveria, creio, falar
de outro modo. Não daquele jeito, um tanto empertigado, de quem simplesmente
diz como deve ser feito, mas com a humildade reconhecida de quem quer evitar
que outros cometam erros que ele cometeu.
Ainda me lembro da sua
primeira entrevista depois da queda do governo do qual fez parte, a qual
esperei com bastante expectativa mas me defraudou pela defesa que tentou fazer
de coisas indefensáveis! Condesso que fiquei desiludido e chocado.
Mas isso já lá vai e
tenho, agora, que lhe dar razão quando diz ser uma saída “acautelada” a que o
Governo deve adoptar, para prevenir as incertezas da “crise”, na Europa e no
mundo ainda não ultrapassada, por mais que Seguro e o PS, por motivos egoístas que
bem se entendem, gritem que faze-lo seja a maior prova do falhanço do Governo.
Mesmo, assim, desdizendo o que, tempos antes, haviam afirmado!
Pela dívida enorme que
acumulámos e, naturalmente, teria de crescer ainda mais após o resgate, por muitos anos haveremos
de nos submeter ao controlo dos nossos credores para que mereçamos a sua confiança, até que a dívida regresse a um
nível razoável, o que significa até conseguirmos reduzi-la com o que a
austeridade, o controlo financeiro, o nosso trabalho e o rendimento que
conseguirmos com exportações nos permitam.
Da austeridade que não
poderemos, de todo, por muito tempo ainda abandonar, eu não duvido, pois quem não tem dinheiro para
gastar, outra coisa não pode ser senão austero.
No trabalho de que necessitamos para
produzir o que, sem ele, teremos de importar ou deixar de ter, eu deposito a
esperança na capacidade que todos tenhamos para o realizar, depois de perdidos
os tiques de “novos ricos” que uma vida de ilusões em nós causou. Mas receio as
recaídas que algumas melhorias possam provocar, pois ter uma vida de rico é,
sempre, uma tentação.
Quanto às exportações,
tenho sérias dúvidas de que o seu crescimento seja o que nos dará os meios de
recuperação que nos torne financeiramente autónomos, pois tal pressuporia uma dinâmica
de sucesso para a “economia” mundial, a qual não me parece ser uma realidade.
A tudo isto juntarei o aproveitamento dos muitos recursos naturais que temos desperdiçado, indispensável para sermos um país onde se vive bem
Apesar dos incitamentos
envenenados da Europa que prefere não se comprometer com o “programa cautelar”
que nos protegeria, bem como da histeria maldosa do PS que, sem qualquer pudor,
tenta o Governo a ter uma atitude de alto risco que a todos nós atingiria, eu continuo a
pensar, tal como Presidente da República, Teixeira dos Santos e outra muito boa
gente, que uma “saída acautelada” será a primeira decisão certa de um conjunto
extenso de decisões sensatas que o futuro nos exige que tomemos.A tudo isto juntarei o aproveitamento dos muitos recursos naturais que temos desperdiçado, indispensável para sermos um país onde se vive bem
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