ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 9 de março de 2014

UMA SAÍDA ACAUTELADA OU NÃO?

Parece-me natural que o ministro das finanças que nos conduziu até aos resgate financeiro, aquele ministro que aceitou, sem protestar, os devaneios de um governo que duplicou o endividamento público e permitiu que Portugal e se financiasse com juros crescentes que considerava sustentáveis até sete por cento, tenha bastante para dizer sobre o modo de dele sair.
E julgo, também, que deva ser escutado porque, sem dúvida, muito terá pensado sobre isso e, consequentemente, aprendido com os erros que cometeu, erros que, estou certo, hoje não repetiria.
Mas deveria, creio, falar de outro modo. Não daquele jeito, um tanto empertigado, de quem simplesmente diz como deve ser feito, mas com a humildade reconhecida de quem quer evitar que outros cometam erros que ele cometeu.
Ainda me lembro da sua primeira entrevista depois da queda do governo do qual fez parte, a qual esperei com bastante expectativa mas me defraudou pela defesa que tentou fazer de coisas indefensáveis! Condesso que fiquei desiludido e chocado.
Mas isso já lá vai e tenho, agora, que lhe dar razão quando diz ser uma saída “acautelada” a que o Governo deve adoptar, para prevenir as incertezas da “crise”, na Europa e no mundo ainda não ultrapassada, por mais que Seguro e o PS, por motivos egoístas que bem se entendem, gritem que faze-lo seja a maior prova do falhanço do Governo. Mesmo, assim, desdizendo o que, tempos antes, haviam afirmado!
Pela dívida enorme que acumulámos e, naturalmente, teria de crescer ainda mais após o resgate, por muitos anos haveremos de nos submeter ao controlo dos nossos credores para que mereçamos a sua confiança, até que a dívida regresse a um nível razoável, o que significa até conseguirmos reduzi-la com o que a austeridade, o controlo financeiro, o nosso trabalho e o rendimento que conseguirmos com exportações nos permitam.
Da austeridade que não poderemos, de todo, por muito tempo ainda abandonar, eu não duvido, pois quem não tem dinheiro para gastar, outra coisa não pode ser senão austero. 
No trabalho de que necessitamos para produzir o que, sem ele, teremos de importar ou deixar de ter, eu deposito a esperança na capacidade que todos tenhamos para o realizar, depois de perdidos os tiques de “novos ricos” que uma vida de ilusões em nós causou. Mas receio as recaídas que algumas melhorias possam provocar, pois ter uma vida de rico é, sempre, uma tentação.
Quanto às exportações, tenho sérias dúvidas de que o seu crescimento seja o que nos dará os meios de recuperação que nos torne financeiramente autónomos, pois tal pressuporia uma dinâmica de sucesso para a “economia” mundial, a qual não me parece ser uma realidade.
A tudo isto juntarei o aproveitamento dos muitos recursos naturais que temos desperdiçado, indispensável para sermos um país onde se vive bem
Apesar dos incitamentos envenenados da Europa que prefere não se comprometer com o “programa cautelar” que nos protegeria, bem como da histeria maldosa do PS que, sem qualquer pudor, tenta o Governo a ter uma atitude de alto risco que a todos nós atingiria, eu continuo a pensar, tal como Presidente da República, Teixeira dos Santos e outra muito boa gente, que uma “saída acautelada” será a primeira decisão certa de um conjunto extenso de decisões sensatas que o futuro nos exige que tomemos.


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