Recordo-me bem da equipa
de “volei” dos meus tempos de estudante do Técnico, a eterna campeã que fazia
do fair-play uma característica que, aos poucos, as outras equipas também foram
praticando.
Naqueles toques ligeiros
quase impossíveis de detectar, o jogador era o primeiro a acusá-lo, impedindo
que o árbitro cometesse um natural erro de avaliação que beneficiaria a sua
equipa. Aquela prática jamais impediu que o Técnico vencesse os seus jogos e
fosse campeão quase ao longo de duas décadas. Penso, até, que o efeito seria o
contrário…
Depois vi perder esse
hábito próprio do desporto e vi nascer o seu contrário, a arte de enganar o
árbitro, um hábito de enganar que se treina como algo que faz parte da
estratégia para vencer.
As faltas bem “arrancadas”,
“oportunas” ou, até, “inteligentes” como por vezes são chamadas, fazem agora parte da
arte de jogar nos desportos de equipa, com gestos estudados e reclamações que
procuram tirar proveito de qualquer dificuldade de visão de quem observa os
lances, se o fizer com a imparcialidade, o que também é raro de acontecer.
Vemos a falta manhosa ou oportuna constantemente,
fazendo parte das atitudes normais em jogos que, pela falta de fair-play que
o "desporto" abandonou, são dele autênticas aberrações!
Foi, por tudo isto que,
com verdadeiro espanto, li a notícia de que o atleta Aaron Hunt, jogador do
Werder Bremen, disse ao árbitro que não tinha sofrido falta, depois deste ter
assinalado grande penalidade a favor da sua equipa. Um verdadeiro espanto esta atitude
que não impediu a sua equipa de vencer o jogo!
Gostaria de voltar a ver
tais atitudes com que me habituei no desporto da Escola onde estudei. Mas não
me restam dúvidas de que as não verei mais.
Por isso, para além das
classificações reais, há quem organize as que seriam se erros grosseiros não
fossem praticados. Uma verdadeira paródia do desporto que deixou de ser escola
de Homens para se tornar na arte de ganhar a qualquer preço.
Enfim, gostava de ver o “sistema”
desfeito para que voltasse a haver desporto.
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