No dia 2 de Julho de 2010,
Governava o PS o país, eu escrevia assim, sobre o modo como via as coisas
acontecerem e também via o país preocupado com o acabar de um tipo de vida que
bem lhe soube mas que começava a ter por certo que teria de amargar muito em
breve!
Nessa altura, não dizia o
PS que estava a destruir os Serviço de Saúde onde fazia profundos cortes,
enquanto, por outro lado, insistia em infra-estruturas para cuja construção o país não dispunha
de meios financeiros bastantes e, por isso, aumentariam mais ainda a enorme dívida que o governo já
havia cumulado.
“É
notória a intenção do Ministério da Saúde para reduzir significativamente as
despesas com a saúde. É pena que, em certos casos, o faça sem os cuidados
necessários para não prejudicar os doentes, tomando atitudes à revelia dos
profissionais de saúde e das situações dos doentes como acontece, por exemplo,
ao alterar datas de consultas e de outros actos sem qualquer critério médico,
numa atitude lesiva dos direitos dos cidadãos.
Falta
o dinheiro em Portugal, circunstância que impõe critérios para reduzir gastos.
Certamente! Mas, perante o descontrolo das despesas do Estado em muitos
domínios como as que resultam de meios excessivos em certos Órgãos de
Soberania, da existência de instituições dispensáveis ou susceptíveis de serem
redimensionadas, de benefícios excessivos pelo desempenho de certas funções,
entre outros, como justificar esta economia cega na saúde dos portugueses?
Neste
confronto, é igualmente incompreensível a insistência no vultuoso endividamento
a que algumas infra-estruturas por muito contestadas vão obrigar mas dos quais
Sócrates e os seus ministros das Obras Públicas não prescindem, apesar do
acréscimo sucessivo dos juros que lhe correspondem.
A
dívida externa portuguesa atingiu valores excessivos que mais do que duplicaram
nos últimos anos e levam as instituições financeiras a colocar reservas sobre a
capacidade de Portugal para cumprir com os respectivos compromissos. Esta é,
aliás, uma das principais razões da dimensão da crise financeira em Portugal.
Apenas
para falar em coisas menores e até ridículas perante a dimensão dos problemas
que se nos colocam, as despesas com arranjos florais nas instalações do Estado
e muitas “despesas de representação” chegariam para satisfazer as necessidades
básicas de muitos dos cada vez mais numerosos pobres, além de correspondem a um
fausto incompatível com o baixo nível de vida no país!”
Esta é a memória que eu
desejei preservar ao escrever este “jornal de gaveta” onde vou guardando factos
e sensações que o tempo e os políticos nos vão querendo fazer esquecer mas que
é bom ter bem presentes em hora de decidir, naqueles momentos em que o povo
volta a pensar que tem o poder que entrega, "livremente", àquele que melhor o manobrou!
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