ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 12 de março de 2014

UM CONSENSO DE OPOSIÇÃO?

É óbvio que é quem esteja por dentro dos assuntos que melhor pode avaliar as consequências das atitudes que se tomem. Disto ninguém terá dúvidas. E Passos Coelho reagiu ao manifesto dos setenta notáveis com evidente desagrado, referindo as consequências negativas que tal atitude poderá ter nos mercados, com reflexos nos juros da dívida que têm vindo a decrescer sucessivamente e permitiam antever valores ainda mais baixos a quando da saída da Troika. Mas será que, depois deste manifesto, essa tendência de descida continuará? É o que veremos.
Como irão os mercados interpretar esta atitude? Verão nela o modo como a Oposição e, com ela, o próximo Governo, vai actuar no futuro?
Os mercados sabem, com certeza, fazer as contas que os “notáveis” fizeram relativamente à capacidade de solvência da dívida portuguesa e, por isso, saberão avaliar a situação em que não estarão, por certo, dispostos a perder dinheiro. É, por isso, que as coisas devem fazer o seu percurso normal, conduzidas por quem disso tem a responsabilidade, sobretudo quando se trata de escolher a ocasião para negociar vantagens.
Seria esta a oportunidade ideal para negociar a reestruturação da dívida? Esta é a pergunta certa numa questão que, embora contabilística, tem contornos políticos delicados que, por isso, devem ser tratados com os cuidados que merecem, quanto ao modo e à oportunidade.
Como ontem disse, não acredito que o Governo não tenha em mira melhores condições para o pagamento da dívida e não tenha planeado o que fazer para a tornar menos penosa quando tal for viável.
Torna-se, por isso, um pouco estranha a oportunidade que os “notáveis” encontraram para dar á luz um manifesto em que a reestruturação da dívida é pedida como urgente, precisamente cerca de três meses antes da saída da Troika e do regresso aos mercados!
Uma certeza me fica de tudo isto, a de que, não tiveram os notáveis, ou alguns deles, em conta os efeitos adversos que a sua atitude poderia vir a ter ou, se a tiveram, que é uma mensagem de confronto com o Governo a que passaram para o mundo que poderá dela intuir que os desenvolvimentos políticos previsíveis em Portugal poderão vir a constituir riscos que os mercados poderão não estar dispostos a correr.
Em vez disto e conforme sempre pensei, gostaria de ver ser montada uma estratégia nacional, com a qualidade e com o recato que todas as negociações requerem e no qual se envolvessem os principais partidos, assim se criando o consenso de governação em vez do consenso de oposição que os notáveis conseguiram.


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