Que me importa que seja
este, aquele ou o outro ainda quem governa o meu país se o fizer do modo que a
todos nós permita viver o melhor que as nossas possibilidades o permitam? Nada
me importa, seja ele quem for. Apenas não quero, porque disso estou farto, é
que o meu país se deixe enganar de novo, agora que, depois de muito tempo de sacrifícios,
a sua situação financeira se tornou clara, pelo que nada justificará mais
equívocos que permitam a qualquer novo governante dizer “não imaginava que o
país estivesse como está” ou qualquer candidato a governante condicionar as
suas promessas eleitorais pela dúvida quanto ao que irá encontrar!
Por isso me chocou o que
ontem ouvi a António Seguro. Diz ele poder garantir que, quando for
Primeiro-Ministro, não haverá nem mais um despedimento na função pública e a
carga fiscal não aumentará! Mas quando interrogado sobre se faria decrescer os
impostos que considera excessivos, afirmou não o poder garantir. Como não
garantiu mais nada.
É aqui que o meu
entendimento das coisas se baralha. Não deveria Seguro garantir, como promessa
eleitoral, que desfaria tudo o que este governo que critica fez e ele entendeu
ter sido mal feito? Obviamente! Não deveria, tal como a este governo tem
exigido, garantir que se demitirá se o não conseguir?
Por isso apenas me
satisfaria que prometesse fazer regressar o país aos níveis de felicidade de há
três anos atrás quando, como garante, estava melhor. Assim, reintegrar todos os
funcionários despedidos, fazer os impostos regressar aos níveis anteriores,
refazer o Serviço Nacional de Saúde que diz destruído, entre outras coisas,
deveriam ser os seus compromissos sem quaisquer reticências.
Não o fará porque a dívida
que este governo deixou aumentar lho não permitirá? Apenas por brincadeira o
poderá dizer já que o acréscimo da dívida ao longo do tempo deste governo é o valor
do resgate e respectivos custos ou seja, o que o anterior governo gastou a mais
sem rendimento que lho permitisse e, desse modo, fez o país acreditar num
bem-estar que os meios disponíveis não poderiam manter!
Por isso, mais me
desconcerta que o governo que, como diz o líder socialista, fazia o país estar
melhor, tenha sido o que sentiu a necessidade de pedir o resgate financeiro que
evitou a bancarrota e todas as tragédias que lhe corresponderiam e, desse modo,
assumiu os compromissos cujo cumprimento o governo que lhe sucedeu teve de
garantir. Aquele governo que, no dizer de Seguro, fez o país ficar pior,
decerto porque mostrou ao país os erros perigosos do caminho leviano que trilhava!
Há, sem qualquer dúvida,
um enorme equívoco em tudo isto e, por essa razão, não vejo como poderá um país
acreditar nas críticas de quem se recuse a assumir, se for governante, os
compromissos que, naturalmente, delas resultem.
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