Quando, nas previsões, a
abstenção ultrapassa 65%, parecem-me ridiculamente despropositadas as
declarações de Assis porque a “grande e inequívoca votação dos portugueses no
Partido Socialista”, a qual diz ser o “início de uma mudança” que o seu partido
irá liderar, não passa, afinal, de pouco mais de 12% dos potenciais eleitores
portugueses! Além disto, quando comparada com outras vitórias que, em circunstâncias
idênticas, alcançou, é uma evidente derrota, do que os partidos da Aliança
Portugal se não livraram, também.
Os magros resultados
alcançados pelos partidos do chamado “arco da governação” são, sem a menor
dúvida, a verdadeira hecatombe, o “terramoto político” que aconteceu, enquanto
a “vitória” que faz o PS considerar-se vencedor e ter o apoio da maioria dos
portugueses não passa de um fracasso evidente de quem pediu uma punição
exemplar para o Governo que considera responsável por todos os males que
sofremos.
Se aconteceu a derrota
esperada dos apoiantes de um Governo obrigado a uma inevitável política de
austeridade que lhe não poderia granjear simpatia e, por longos períodos, não
soube conduzir da melhor forma, também não aconteceu, de todo, o voto de
confiança que faça de qualquer outro o partido obviamente preferido dos
portugueses.
Foram poucos, muito poucos
os portugueses que se dignaram corresponder aos apelos dos vários candidatos
demonstrando, pelo contrário e muito claramente, o baixo nível de consideração em
que têm os responsáveis pelas políticas das quais resultam os males que poderiam
ter sido evitados.
O mesmo parece acontecer
por toda a parte nesta Europa onde o protesto na condução política tradicional foi
o mote de uma contestação que, ainda que em vários tons, foi suficientemente
sonora para que seja ignorada.
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