Todos temos reparado, por
certo, que as intervenções dos candidatos ao Parlamento Europeu, tal como os
programas eleitorais de diversos partidos, não apresentam ideias para combater
a grande “desilusão europeia” que, a continuar, nos faz temer sobre o futuro de
uma União em declínio ao ponto de por em risco os ideais dos que a conceberam
como um espaço de solidariedade. Quase apenas se abordam temas de disputa local
de poder e, mesmo assim, de um modo demagógico, não baseado em programas
coerentes de acções e de atitudes pelas quais o futuro se possa tornar menos
pesado do que este presente de desilusões.
Enquanto a Oposição faz
apelo a uma grande “tareia” no Governo para o castigar pela sua “política de austeridade”
que empobrece o país, os partidos que o apoiam têm de defender-se e pouco mais
podem fazer. Naturalmente! É uma campanha para eleições europeias que, apesar
disso, não inspira temas europeus e nos nacionais não vai além da altercação
palavrosa que tem substituído a cooperação que a “salvação” de um país, também ele
em declínio, necessitaria para sobreviver.
Para além das promessas atraentes
que quem se apresenta a eleições sempre tem de fazer, não tem a Oposição
propostas esclarecidas como alternativa e é evidente o seu único propósito de aproveitamento
do desagrado de tantos e tantos a quem uma inevitável política austera retirou
benesses e o regresso a uma vida de ilusório desafogo financeiro é o futuro
feliz que desejam. Não apresenta soluções para o desemprego que em 2008 era
crescente e ultrapassava já os 12%, nem para a emigração que, também então, era
já tão intensa como o continuou a ser depois e não diz como, com o cotão do
fundo dos bolsos, vai pagar o Estado Social esbanjador. Um Estado Social que
consome recursos que não possuímos nem somos capazes de gerar, desorganizado,
corrompido, prestador de maus serviços e acumulador da dívida que obrigou ao
resgate que nos fez cair no poço húmido e escuro de onde tentamos sair, quando
apenas um Estado Social racionalizado, bem dimensionado e compatível com o
esforço de que somos capazes é possível de sustentar.
Mesmo sabendo não possuir
quaisquer condições para fazer significativamente diferente daquilo que está a
ser feito, a não ser trilhar, de novo, os “socráticos” caminhos de um
endividamento que conduzirá a outra situação de ruptura financeira tal como
Mário Soares antes já o havia feito, um governo do PS apenas pode ser penhor de
uma tremenda desilusão ou de uma situação bem pior do que aquela que já vivemos,
enquanto a Europa continua a ser qualquer coisa que se olha como uma teta em
que se mama enquanto não secar de todo!
Mesmo sem ser um admirador
rendido à eficácia de um Governo que, tenho de reconhecer, carecia de melhor
preparação para enfrentar a gravíssima situação financeira que, antes dele, foi
gerada, faço da incapacidade que vejo por toda a parte para ultrapassar uma
situação diferente das outras crises, pelos vistos mal resolvidas também, e da
ausência de solidariedade a que as dificuldades, paradoxalmente, dão lugar, a
atenuante que não serve para quem o regresso aos erros do passado é a grande
promessa eleitoral!
Mas a prova maior do
oportunismo político dão-ma alguns famosos “sociais-democratas” a quem a ordem
natural das coisas ou a sua mediocridade política fez perder o prestígio que,
porventura, nunca haviam merecido. “Identificam-se”, agora, com o programa
eleitoral do PS! Quem diria e por qual razão será?
São assim os políticos de
pacotilha que abundam por aí. São assim os votantes “distraídos” a quem um
piscar de olho basta para tomar a decisão de votar, uma vez mais, em promessas
incumpríveis.
Valha-nos Santa Engrácia, não a do Panteão onde ninguém depositará o que, depois de tanto disparate, sobejar de nós, mas aquela que por nós possa interceder enquanto é tempo!
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