ACORDO ORTOGRÁFICO

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sábado, 3 de maio de 2014

OS PARADOXOS DO DESEMPREGO

Leio, no Expresso, a notícia de que “há 5737 ofertas de emprego que ninguém quer todos os meses” e, para além disso, da experiência do director executivo de uma empresa que afirma, a propósito das suas necessidades de contratar trabalhadores num centro de emprego no Alentejo: "apresentaram-me 900 pessoas potenciais interessadas. Pedi para fazerem uma triagem e propuseram-me 600. Insisti para que apurassem o processo de selecção e acabaram por me apresentar 90 interessados. Passámos uma semana a fazer entrevistas e só 30 aceitaram. No entanto, só 15 se apresentaram ao trabalho. Foram inventando desculpas e, resultado, ficámos apenas com uma pessoa, ...que era estrangeira”.
Pensando nos ainda mais de 15% de desempregados no país, não é fácil acreditar nisto que acontece quando tantos se queixam das terríveis consequências da falta de emprego e outros se aproveitam dos números de uma terrível estatística para alcançar possíveis vantagens eleitorais.
Como explicar que assim aconteça? Talvez as perspectivas de recuperação de anteriores níveis salariais que a Oposição, em particular o PS, deixa antever nas suas críticas à governação e nas promessas que faz de, ao ter a responsabilidade de governar, tudo passar a ser diferente e bem melhor, com um crescimento económico que, como alguém afirmou já, será muito fácil de alcançar.
Apesar de tudo parecer indicar que as próximas eleições legislativas impedirão a actual maioria de continuar a governar, não acredito que o governo que saia dessas eleições consiga cumprir qualquer das promessas que o PS faz, temendo, até, que o resultado eleitoral origine a crise política que pode travar o caminho que, embora duro, nos pode evitar um falhanço que conduziria, quase por certo, à necessidade de um novo resgate financeiro.

Melhor seria, pois, que nos apercebêssemos das mudanças que estão a acontecer na economia, apesar de toda a resistência de um sistema que teima em não se adaptar às circunstâncias e das promessas eleitorais fantasiosas, aproveitando as oportunidades que a “economia possível” pode dar.   


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