Leio, no Expresso, a
notícia de que “há 5737 ofertas de
emprego que ninguém quer todos os meses” e, para além disso, da experiência
do director executivo de uma empresa que afirma, a propósito das suas
necessidades de contratar trabalhadores num centro de emprego no Alentejo: "apresentaram-me 900 pessoas potenciais
interessadas. Pedi para fazerem uma triagem e propuseram-me 600. Insisti para
que apurassem o processo de selecção e acabaram por me apresentar 90
interessados. Passámos uma semana a fazer entrevistas e só 30 aceitaram. No entanto,
só 15 se apresentaram ao trabalho. Foram inventando desculpas e, resultado,
ficámos apenas com uma pessoa, ...que era estrangeira”.
Pensando nos ainda mais de
15% de desempregados no país, não é fácil acreditar nisto que acontece quando
tantos se queixam das terríveis consequências da falta de emprego e outros se
aproveitam dos números de uma terrível estatística para alcançar possíveis
vantagens eleitorais.
Como explicar que assim
aconteça? Talvez as perspectivas de recuperação de anteriores níveis salariais que
a Oposição, em particular o PS, deixa antever nas suas críticas à governação e
nas promessas que faz de, ao ter a responsabilidade de governar, tudo passar a
ser diferente e bem melhor, com um crescimento económico que, como alguém afirmou
já, será muito fácil de alcançar.
Apesar de tudo parecer
indicar que as próximas eleições legislativas impedirão a actual maioria de
continuar a governar, não acredito que o governo que saia dessas eleições consiga
cumprir qualquer das promessas que o PS faz, temendo, até, que o resultado
eleitoral origine a crise política que pode travar o caminho que, embora duro,
nos pode evitar um falhanço que conduziria, quase por certo, à necessidade de
um novo resgate financeiro.
Melhor seria, pois, que
nos apercebêssemos das mudanças que estão a acontecer na economia, apesar de
toda a resistência de um sistema que teima em não se adaptar às circunstâncias
e das promessas eleitorais fantasiosas, aproveitando as oportunidades que a “economia
possível” pode dar.
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