Os significativos pouco mais de 4% dos
votos que os eleitores portugueses lhe concederam, o que corresponde aos 12%
que recebeu dos 34% que votaram, fez o PC embandeirar em arco e apresentar uma
moção de censura ao Governo na qual, sem qualquer novidade, vociferou as
acusações da ordem e gritou os chavões do costume, como é próprio de um partido
anquilosado que procura refúgio nos procedimentos próprios de uma ideologia que
a História há muito desmistificou.
Não seria a moção de
censura digna de qualquer reparo se não fosse o incompreensível apoio que o
Partido Socialista lhe dispensou, votando-a favoravelmente, apesar dos ataques
que, dela vindos, teve de suportar.
Uma contradição sem
sentido tanto pelas razões da própria moção como pela renúncia a princípios
antes definidos pelos socialistas e pelos quais a moção seria um frete ao
Governo que, apoiado na sua maioria, facilmente impediria o seu sucesso.
E que conclusões tirar do
facto de até o cabeça de lista socialista nas eleições europeias recusar o voto
favorável que o PS, apesar de tudo, decidiu dar à moção comunista, quebrando a disciplina
de voto que lhe era imposta?
É assim, feita de
desencantos e de equívocos, a balbúrdia instalada no PS onde se cantou a grande
vitória que não passou do apoio de apenas 10% dos portugueses com direito a
voto!
Mas não menos preocupados
deverão estar os que apoiam o Governo porque não conseguiram mais do que 9% dos
que ainda se decidiram a dar mais uma oportunidade a uma democracia estagnada
em conceitos caducos e à qual falta o entendimento das grandes questões de um
presente que se não compadece com as fantasias que as suas regras consentem.
Foi da maior gravidade o
que aconteceu. Uma clara chamada de atenção aos políticos incapazes de proteger
os cidadãos dos interesses perversos que, cada vez mais, os sufocam e sugam o
suor do seu esforço como os vampiros sugam o sangue às suas vítimas.
Apesar do claríssimo reparo feito pelos cidadãos eleitores, não
acredito que, tanto em Portugal como na Europa, os poderes instalados façam muito
mais do que os habituais truques de magia com que ainda iludem os cada vez
menos tolos que, com eles, se deslumbram.
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