Hoje, ao ver uma
reportagem sobre o “11 de Março” que foi descrito como um golpe de Estado abortado,
não pude deixar de reviver esse dia que as circunstâncias me permitiram viver muito de perto.
Eu trabalhava ali mesmo em
frente do Ralis. Não precisava mais do que rodar a cabeça para, do meu gabinete de trabalho, ver aquela
unidade militar onde um certo “Fitipaldi” pontificava.
Habituado ao ruído dos
aviões por causa do aeroporto que não ficava longe, foi com surpresa que,
naquele dia, notei que ele vinha do lado oposto e era um tanto diferente. E, da
janela, vi três pequenos aviões, depois apenas dois porque um
parece ter-se avariado, sobrevoar o “regimento” sobre cujo parque de viaturas
lançaram “rokets” que atravessavam telhados e paredes como se fossem manteiga
mas, curiosamente, depois não faziam Bum!
Da parte da unidade
militar atacada não notei qualquer reacção e até um civil, com uma camisola
encarnada, que fazia o seu trabalho ao fundo de um campo frontal aos pavilhões “atacados”,
não alterou as suas rotinas!
Depois, foi uma corrida para
o terraço de onde a vista era melhor, enquanto uns quantos “guerreiros”,
suponho que vindos do aeroporto, se abeiravam do quartel, alguns dos quais
tomaram posições no parque de estacionamento, ali mesmo defronte dos nossos
narizes.
E eis que observo o meu
colega Casanova ficar muito nervoso e gritar para baixo “amigo, ó amigo!”
Pedi-lhe para se conter não fosse alguém alvejar-nos. Afinal, aquilo era uma guerra!
Mas ele insistiu até que
um “guerreiro” olhou para cima e, em voz sussurrada, perguntou “é comigo?”. O meu
colega suspirou de alívio e disse-lhe “claro! Não vê que está a pisar as minhas
roseiras?”.
O efeito surpreendeu-me
pela positiva: “Desculpe!” e mudou de posição.
Não tão pacífico foi o que
sucedeu no dia seguinte, quando vi uma das coisas mais estúpidas que presenciei na minha
vida.
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