Os trabalhadores dos transportes querem ser mais bem pagos, assim como a polícia, as forças armadas, os magistrados e outros que se julgam os fundamentais neste “estado de coisas” em que sempre há quem terá de pagar mais para satisfazer as reivindicações que outros façam.
Se os trabalhadores dos
transportes querem ser mais bem pagos, terão de pagar mais os utentes dos
transportes que, mesmo assim, acham que eles têm todo o direito a querer mais
porque a greve é um direito, bem como todos nós pagamos para que os polícias e
as forças armadas sejam aumentados ou promovidos ou aos magistrados não sejam
impostos os “cortes” que a nossa situação financeira nos impõe que sejam feitos
a todos.
Poderia, naturalmente,
falar em outros casos em que há sempre quem se julgue com direito a mais que
sempre virá dos que tudo terão de pagar com o seu trabalho reprodutivo, porque
os demais não criam riqueza. Então, teremos sempre uns a trabalhar para que a
outros se garantam os direitos “conquistados” ou os que, por serem quem são, se
julgam com direito.
Curioso como numa
sociedade há sempre uns e os outros, os importantes e aqueles a quem nada mais
resta do que prestar-lhes vassalagem, dar-lhes tratamentos de subserviência e,
para além de tudo isto, pagarem para o poderem fazer!
Quando acordaremos desta
letargia estúpida de sempre sermos transigentes com os “direitos” dos outros,
sem repararmos que somos nós quem lhos paga? Quando entenderemos que pagamos as
greves de cujas razões não temos quaisquer culpas? Quando saberemos pautar os
interesses comuns, definir o limite entre direitos e deveres para tornar a
sociedade justa?
Como poderá um sector da
actividade económica fazer mais dias de greve do que os dias que trabalha? Que
intenção terá quem lho sugere, como poderão os trabalhadores de uma empresa
pública que dá prejuízo exigir melhor remuneração e, sobretudo, a garantia do
posto de trabalho, como?! De onde virá o dinheiro?
É esta a democracia que
praticamos em que os que correm riscos, os empreendedores, os que trabalham por
conta própria, são sempre quem garante que outros apenas tenham privilégios, os
direitos que a Constituição consagra e eles, por que é assim, reclamam!
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