ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

MAIS UMA VEZ O “DESACORDO ORTOGRÁFICO”


A resistência à entrada em vigor no Novo Acordo Ortográfico foi enorme e apenas a teimosia dos governos de Sócrates e de Passos Coelho o fizeram avançar de um modo que se tornou pouco dignificante para os linguistas portugueses que acabaram por ficar sós nas alterações que foram feitas.
Nâo sei de mais país algum de língua portuguesa que o tenha adoptado e, assim, Portugal ficou sozinho nas alterações que fez e, dando provas de falta de bom senso, oficializou.
Nas escolas é o Novo Acordo Ortográfico que se impõe. Mas, cá fora, é o tradicional modo de escrever que a maioria adopta e, aparte aqueles que procuram na piada as mais fortes razões para criticar o acordo, por uma questão de acentuação que confunda cágado com cagado, por exemplo, eu pergunto de qual “acordo” estaremos a falar se Portugal foi o único a adoptá-lo! Se ninguém mais está de acordo…
Francamente, se num caso ou noutro há simplificações que nem me parecem desajustadas, ainda que poucas, a maioria dos casos causam-me autêntico pavor e, por isso, me recusei a adoptar um novo modo de escrever que me parece sem razão de ser. Por isso, nos textos que escrevo aparece a indicação de não seguir o “acordo ortográfico”.
Depois de dois anos de acordo em vigor, com todos os custos que já teve e terá, a Assembleia da República discutirá, em plenário, na sexta-feira de manhã, a petição "pela desvinculação de Portugal do 'Acordo Ortográfico' de 1990" (AO90).
É a resposta a uma petição já apresentada há muito tempo e que foi já aprovada pela Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura.
Será, pois, de esperar que a AR entenda, em maioria, que tal acordo não se justifica e acabou por introduzir confusão no modo de escrever em Portugal. Que se acabe com o caos instalado, apesar de todos os custos que, levianamente, uma infeliz e ridícula decisão já causou e voltará a causar.
Eu espero que a AR decida bem e que o ministro da Educação simplesmente a aceite sem vir com explicações como as que costuma dar em tantos casos em que nada esclarece e só complica!
Entretanto dois professores e linguistas brasileiros sugeriram na Assembleia da República a constituição de um plano de trabalho e de um "site" na Internet dirigido a todos os países lusófonos para discutir o Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa. 
Mais uma prova da imaturidade deste “acordo” precipitado.
Em visita a Lisboa em representação do grupo de trabalho do Senado Federal do Brasil sobre o Acordo Ortográfico, Ernani Pimentel, professor de português, e Pasquale Cipro Neto, ex-jornalista e professor, estiveram ontem na Comissão de Educação, Ciência e Cultura para avaliar a disposição em reabrir o debate sobre o acordo.
"Festival de horrores" no que foi “acordado” e a ausência de "seriedade" na sua aplicação foram alguns dos mais contundentes reparos dos dois professores brasileiros, para quem o acordo só pode ser, na realidade, um "desacordo".
Propõem um plano que sugere um debate entre alunos e professores de todos os países lusófonos sobre as “atitudes ortográficas e simplificadoras" que devem ser tomadas, o qual decorreria durante o primeiro semestre de 2014.
Um "simpósio Linguístico-Ortográfico" seria o epílogo deste trabalho do qual poderá nascer, ou não, um verdadeiro acordo!

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