A resistência à entrada em vigor no Novo Acordo Ortográfico foi enorme e apenas a teimosia dos governos de Sócrates e de Passos Coelho o fizeram avançar de um modo que se tornou pouco dignificante para os linguistas portugueses que acabaram por ficar sós nas alterações que foram feitas.
Nâo sei de mais país algum
de língua portuguesa que o tenha adoptado e, assim, Portugal ficou sozinho nas
alterações que fez e, dando provas de falta de bom senso, oficializou.
Nas escolas é o Novo
Acordo Ortográfico que se impõe. Mas, cá fora, é o tradicional modo de escrever
que a maioria adopta e, aparte aqueles que procuram na piada as mais fortes
razões para criticar o acordo, por uma questão de acentuação que confunda
cágado com cagado, por exemplo, eu pergunto de qual “acordo” estaremos a falar
se Portugal foi o único a adoptá-lo! Se ninguém mais está de acordo…
Francamente, se num caso
ou noutro há simplificações que nem me parecem desajustadas, ainda que poucas, a
maioria dos casos causam-me autêntico pavor e, por isso, me recusei a adoptar
um novo modo de escrever que me parece sem razão de ser. Por isso, nos textos
que escrevo aparece a indicação de não seguir o “acordo ortográfico”.
Depois de dois anos de
acordo em vigor, com todos os custos que já teve e terá, a Assembleia da
República discutirá, em plenário, na sexta-feira de manhã, a petição "pela
desvinculação de Portugal do 'Acordo Ortográfico' de 1990" (AO90).
É a resposta a uma petição
já apresentada há muito tempo e que foi já aprovada pela Comissão Parlamentar
de Educação, Ciência e Cultura.
Será, pois, de esperar que
a AR entenda, em maioria, que tal acordo não se justifica e acabou por
introduzir confusão no modo de escrever em Portugal. Que se acabe com o caos instalado,
apesar de todos os custos que, levianamente, uma infeliz e ridícula decisão já
causou e voltará a causar.
Eu espero que a AR decida
bem e que o ministro da Educação simplesmente a aceite sem vir com explicações
como as que costuma dar em tantos casos em que nada esclarece e só complica!
Entretanto dois
professores e linguistas brasileiros sugeriram na Assembleia da República
a constituição de um plano de trabalho e de um "site" na Internet dirigido a
todos os países lusófonos para discutir o Acordo Ortográfico de Língua
Portuguesa.
Mais uma prova da imaturidade deste “acordo” precipitado.
Mais uma prova da imaturidade deste “acordo” precipitado.
Em visita a Lisboa em
representação do grupo de trabalho do Senado Federal do Brasil sobre o Acordo Ortográfico,
Ernani Pimentel, professor de português, e Pasquale Cipro Neto, ex-jornalista e
professor, estiveram ontem na
Comissão de Educação, Ciência e Cultura para avaliar a disposição em reabrir o
debate sobre o acordo.
"Festival de
horrores" no que foi “acordado” e a ausência de "seriedade" na
sua aplicação foram alguns dos mais contundentes reparos dos dois professores
brasileiros, para quem o acordo só pode ser, na realidade, um
"desacordo".
Propõem um plano que sugere um debate entre alunos e professores de todos os
países lusófonos sobre as “atitudes ortográficas e simplificadoras" que
devem ser tomadas, o qual decorreria durante o primeiro semestre de 2014.
Um "simpósio
Linguístico-Ortográfico" seria o epílogo deste trabalho do qual poderá
nascer, ou não, um verdadeiro acordo!
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