Hoje, o Governo procedeu a uma troca de dívida de curto prazo por dívida a mais longo prazo, com a intenção de reduzir “picos” de pagamentos que gerariam, naturalmente, dificuldades de gestão financeira mais difíceis de superar. Sem esta suavização dos pagamentos pelos quais somos responsáveis, aumentar a austeridade seria inevitável ou teria como consequência um possível incumprimento que nos dificultaria ou impediria o crédito indispensável em momentos futuros.
O que o Governo acaba de
fazer é, de algum modo, uma reestruturação da dívida que não altera o seu valor
total nem as fontes de financiamento, suavizando os planos de pagamento que,
deste modo, ficam mais uniformes e, por isso, mais suportáveis. Enfim, uma
operação naturalmente conveniente e compreensível perante a necessidade de
reduzir os picos de encargos que anteriores gestões provocaram.
Ouvi esta manhã, num
daqueles programas abertos aos ouvintes, uma explicação inicial tão clara e
simples sobre esta operação que me pareceu impossível que qualquer pessoa, com
capacidade média de entendimento, a não compreendesse. Aliás, trata-se de uma
estratégia simples que muita gente já utilizou nos seus financiamentos pessoais
como na compra de carro, de casa ou outras coisas até.
Apesar disso, quando a
palavra foi dada ao primeiro dos ouvintes, o que escutei foi, em tudo, igual
aos argumentos de Jerónimo de Sousa, o secretário geral do PCP, que mais não são
do que o que dá pelo nome de contra-informação, na qual a “verdade” é
adulterada ou apresentada de um modo que, sem ser uma mentira total, conduz a
conclusões completamente diferentes e erradas. Uma técnica muito usada por quem não tem soluções melhores nem capacidade para criticar, de modo sério, as que forem adoptadas.
É óbvio que esta operação
relega para momentos futuros pagamentos que deveríamos fazer agora. Mas a crítica ignora
ou, melhor dizendo, esconde que se trata de pagamento de dívidas que um passado descuidado
acumulou de um modo errático, sem o cuidado de compatibilização com as capacidades previsíveis do país em cada momento, de encargos que as nossas disponibilidades tornam
muito difíceis de suportar do modo como estão escalonadas. Mais do que isto,
são a reclamação do prosseguimento de uma política leviana de endividamento
que, num futuro já bem próximo, se tornaria insuportável de honrar e, por isso,
causador de uma austeridade impossível de suportar.
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