Não fiquei a saber nada para além do que já sabia, após a entrevista de ontem ao Primeiro Ministro. Assim esperava que iria acontecer nesta Comunicação Social pouco inspirada. Ou controlada, quem sabe! Umas vezes o PM respondeu sim, outras vezes não, mas mais frequentemente foi o nim possível nesta baralhada toda em que nos deixámos enredar. Quem sabe ao certo o que pode acontecer num mundo onde a economia não tem ponta por onde se lhe pegue, porque pouco ou nada tem a ver com o que realmente está disponível mas sim com os jogos de bastidores em que se concertam os modos de arrancar mais dinheiro ao pateta que julga estar a investir. Tal como me aconteceu enquanto acumulei PPR que, garantiam-me, me assegurariam melhor futuro para além da reforma a que teria direito, sem me dar conta de que o seu valor ia ficando cada vez menor! Assim cresceram o Golden Sachs e outros e nós ficámos sem o nosso dinheiro.
Mas, tentando ligar a
entrevista com a polémica dos enganos de avaliação dos quais a líder do FMI faz
tanto alarde e ninguém já ousa dizer que não foram mal avaliados os efeitos
económicos da austeridade imposta e, bem assim, os sacrifícios brutais a pedir
aos cidadãos, relembrou o Primeiro Ministro que se partiu de um dado
profundamente errado, o do valor do défice orçamental que, em vez dos 6,5% que
o Governo de Sócrates indicava, era, na realidade, 10%! E até o agora tão falado
“pack 4” que, dizem os socialistas, melhor resolveria os nossos
problemas em vez deste resgate, previa que ficasse em 4,5% no final do 1º ano da sua aplicação! Meu Deus, é uma burla em que só os patetas podem ser levados.
É uma monstruosidade aquilo de que estamos a falar, é uma mistificação inqualificável de quem esconde nos números uma terrível condenação, a desta vida que estamos a viver e da qual não sairemos tão cedo porque não há o bom senso capaz de aceitar a realidade.
É uma monstruosidade aquilo de que estamos a falar, é uma mistificação inqualificável de quem esconde nos números uma terrível condenação, a desta vida que estamos a viver e da qual não sairemos tão cedo porque não há o bom senso capaz de aceitar a realidade.
Não se tratava de um erro
menor, mas sim de um malabarismo político-financeiro traiçoeiro e fatal, pelo
qual os seus responsáveis deveriam ser condenados da forma mais adequada e não
mereceu ser devidamente considerado e corrigido quando, sem quaisquer equívocos
se revelou! Deixa andar, foi o mais cómodo!
Mas, para além disto, para
além deste erro grosseiro de que nem o Governo de Passos Coelho se apercebeu
facilmente (!), o que não entendo bem, deveria ser a correcção dos seus efeitos
a primeira coisa a fazer pelos enormes cérebros desta Troika que, mesmo assim,
entenderam que o programa deveria continuar tal como estava “desenhado”. E
concluo que a falta de jeito é um atributo comum a estes aselhas
descarados que, perante as dores alheias, talvez se limitem à velha gracinha de
dizer “olha que eu aqui não sinto nada!”
Não fiquei certo de que o
fim do resgate esteja assim tão garantido na data prevista, que após o resgate
outras medidas nos sejam ou não impostas em nome dos “mercados”, que haverá ou não um
plano de apoio ao regresso aos mercados, talvez mesmo um segundo resgate… e sei
lá quantas coisas mais fiquei sem saber.
Resumindo, fiquei certo de
que uma “eternidade” será o tempo de que necessitaremos para ter uma vida
normal, coisa que também fiquei sem saber o que seja, mas que, em meu
juízo, só poderá ser uma economia sem tubarões que se apoderam de tudo, porque a “bolha”, um
dia, lhes rebentará nas mãos!
Para mim a entrevista
serviu para NADA. Ou, se preferirem, para mostrar a brincadeira que os políticos jogam com ar de sérios, levados ou em parceria com os donos da massa.
Mas para os meios de Comunicação Social servirá de tema para milhares de horas de emissão e de páginas que vários “artistas”, entre comentadores e jornalistas, enfeitarão com os mais trágico-cómicos poemas em que exibirão toda a sua ciência profunda em soluções que nunca resultam. Nunca resultaram. Tem sido assim, faz anos!
Mas para os meios de Comunicação Social servirá de tema para milhares de horas de emissão e de páginas que vários “artistas”, entre comentadores e jornalistas, enfeitarão com os mais trágico-cómicos poemas em que exibirão toda a sua ciência profunda em soluções que nunca resultam. Nunca resultaram. Tem sido assim, faz anos!
E fico a pensar naquela
anedota de um velho médico de aldeia que fez as suas primeiras férias quando o
filho acabou o seu curso de medicina. Uns dias de descanso para o santo e generoso velho que,
com desvelo, tratava da saúde de todos. Regressado lá foi perguntando como ia
este e aquele e até soube que o filho tirara a carraça do ouvido daquela
senhora cujas queixas eram uma febre constante, o que o desesperou porque
tinha acabado a sua melhor fonte de receita.
Por que não tiram a carraça de vez, gaita!
Por que não tiram a carraça de vez, gaita!
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