Apesar dos desacordos que revelo quanto ao modo como o fazem, obviamente que tenho todo o respeito pelos que tentam encontrar soluções para a crise que vivemos. Apenas não concebo que se procure a solução sem um olhar mais alargado às circunstâncias que são, por via de regra, os pressupostos desta ciência económica que, talvez por isso, não consegue livrar-se dos problemas que cria e foi amontoando nesta montanha enorme que parece não ser capaz de ultrapassar.
Recorrem, quase sempre, os
economistas aos “ensinamentos” de outras crises para encontrar as soluções com
que esperam ultrapassar mais esta. É uma atitude normal esta de tentar aprender
com os erros do passado, de procurar nas soluções antes adoptadas alguns
méritos que as tornem adequadas na crise que vivemos.
Mas não me parece que tal
princípio valha nesta economia que sempre tratou sintomas sem nunca curar a
doença que é a de querer ser maior do que a casa em que vive, mais poderosa do
que o ambiente que lhe permite viver e
julga poder sempre dispor dos meios e dos recursos necessários para o
crescimento contínuo de que, por natureza, não consegue abdicar.
Este tipo de economia que
adoptámos tem como pressuposto que jamais lhe faltarão os meios e as condições
para que cresça continuadamente o consumo, do que resulta que aumentem constantemente
os desperdícios que se transformam no lixo que cada vez mais nos envolve em
situações de poluição já dramáticas, se reduzam excessivamente os recursos
naturais necessários que se aproximam da exaustão, se desenvolvam, sobretudo no
domínio alimentar, técnicas perigosas para a saúde humana e para a
sustentabilidade das culturas, ao mesmo tempo que se introduzem, no Ambiente
Natural, alterações cada vez mais profundas que o tornam menos adequado à vida
humana.
A economia actua sem ter
em conta a própria Humanidade que dela deveria usufruir porque, para além da
grande parte que deixa de fora, lhe cria problemas cada vez mais difíceis de
resolver, por alguns já considerados incompatíveis com a sua sobrevivência.
Por isso a Ciência alerta,
desde há dezenas de anos, para as consequências de uma economia sem controlo
que tudo arrasa à sua passagem como uma onda de gafanhotos gigantesca, bem como
para as consequências dos hábitos humanos que o super consumo altera sem conseguir que se reduza o batalhão dos enjeitados destas manobras que vão destruindo o mundo
sem lhes permitir participar do “gozo” dos supostos benefícios que proporcionam.
E assim caímos nas
contradições que ninguém parece entender nem ultrapassar, as quais confrontam a
austeridade inevitável pelas circunstâncias com a indesejável diminuição de crescimento
que provoca e põe em causa a economia.
No fundo parece ser esta a
batalha que se trava na resolução de um conflito para o qual não vejo saída
airosa, jamais se colocando a hipótese de mudar de vida, como é de bom senso
que se faça quando se trilham caminhos errados.
Leio que dois investigadores,
Ken Rogoff e Carmen Reinhart, num artigo esta semana publicado pelo FMI, que os governantes responsáveis pela
austeridade ignoram o que ensina a história de crises anteriores.
Mais uma achega à posição
de Cristhine Lagarde, a directora do FMI, que, volta e meia, se refere à
austeridade como a causa do não crescimento de que a economia necessita para
sair da crise, mas que nunca é posta em prática!
Descoberto o mal, porque
lhe não encontram a cura?
Esta reflexão já vai longa.
Veremos este aspecto depois.
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