Este velho hábito de pensar que “ano novo, vida nova”, provém, certamente, de uma necessidade íntima de esquecer as coisas más que tenham acontecido, esperando que a sorte seja mais amiga nos tempos que vão chegar, como se uma magia feliz fosse a continuidade entre dois tempos que, como quaisquer outros, se sucedem na continuidade de algo que, em muito, nos excede.
Mas nada mais haverá para
além de um desejo, de uma vontade, ténue que seja, de que, no ano que se
aproxima, as coisas aconteçam melhores. Acabe esta “crise” que nos faz sofrer,
terminem tantas guerras, na Síria, no Sudão, no Iémen e mais seja onde for,
abrandem as fúrias da Natureza que tantas desgraças têm causado e regresse
aquela paz podre que foi a receita que nos permitiu viver supostos anos de
felicidade, porque a vida é uma luta que nunca termina, uma guerra que nunca
está ganha. Por isso, é connosco que mais teremos de contar para ultrapassar as
dificuldades, em vez de esperar dos outros a ajuda de que necessitamos.
Esta passagem de ano, como
todas as que a antecederam nos tempos desta Humanidade, não será, desta vez
também, mais do que uma noite com uma farra maior ou menor, após cuja ressaca
nos voltamos a dar conta da realidade que vivemos e pela qual é mais fácil pôr
nos outros as culpas que também são nossas. Por isso todos temos tendência para
pensar que nós não gastámos demais. É o Governo que rouba!
Mas não será esquecendo-as ou negando-as que redimiremos as nossas culpas, as enormes culpas que a ambição cega nos
levou a cometer mas cremos não termos de pagar, mas sim os outros, porque nós sempre
fomos aqueles “santinhos” bem intencionados que tudo fizeram certo e temos
direito a tudo.
Entre as mudanças que o
Papa Francisco promove e as atitudes que nos sugere, lemas de um mundo novo que
bom seria aprendermos a viver, o da "pobreza" e da solidariedade, e o que se passa na Síria onde os interesses das
grandes potências do mundo continuam a confrontar-se, eu prefiro a
tranquilidade da paz de espírito que a aceitação da nossa humanidade nos pode
trazer, fazendo dela o propósito que faça de 2014 o ano da mudança que,
inevitavelmente, terá de acontecer! E que aconteça de um modo que a nossa inteligência nos permita aceitar.
Por isso, a todos desejo
um 2014 que seja a transição para a felicidade!
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