Depois de tanto ser falado sobre os erros cometidos pela Troika nos programas de ajustamento nos países intervencionados, depois de, mais de uma vez, o FMI, pela voz da sua líder, ter reconhecido o erro de avaliação sobre os efeitos da austeridade na economia, o Troika, uma vez mais em Portugal, insiste em que o programa traçado é para cumprir até ao fim e… ponto!
Não compreendo, então, o
sentido do discurso de Christine Lagarde e, muito menos, a manifestação de
propósitos de solidariedade dos países nórdicos para quem os países do Sul não
passam de preguiçosos que agruparam na célebre sigla PIGS.
Não me parece haver
qualquer ponta de solidariedade no que se faz para manter dependentes países
dos quais necessitam para sobreviver.
Pelo contrário, os países
do Sul são, efectivamente, mais independentes do que eles e bastaria darem-se
conta disso mesmo para lhes criarem os maiores problemas.
Mas, finalmente o
Parlamento Europeu parece ter acordado para estes problemas e pretende inquirir
sobre os erros cometidos nos resgates financeiros, mostrando-se os dirigentes
de duas das instituições que comandam as missões externas - Mario Draghi, do Banco
Central Europeu, e Olli Rehn, da Comissão Europeia, disponíveis para cooperar
com os deputados no inquérito a fazer, devendo ser produzido um relatório
preliminar que será divulgado a 17 de Dezembro.Tão depressa, quando tudo anda tão devagarinho? Seria milagre ou, apenas, uma desobriga!
Será que é, finalmente,
possível acertar o diapasão da UE pelo do FMI e, assim, poder ser prestada uma
autêntica ajuda que não seja um castigo para as populações afectadas? Veremos! Eu duvido.
Terminado o programa da
Irlanda e a uns meses do final do programa de Portugal, que sentido fará o que
o PE se propõe fazer se a Troika não mostra qualquer sensibilidade quanto a
esta matéria que se pretende esclarecer?
Não acredito que a Merkel
e a sua Alemanha permitam que alguma coisa seja feita para aliviar os prejuízos
que foram causados, nem abram mão dos benefícios que tiveram.
Nesta União Europeia que,
do modo como está organizada e dirigida, faz pouco sentido porque não leva em
conta as diferenças profundas entre os povos do Norte e do Sul, não me parece
que haja volta a dar senão reconhecer que não podem uns submeter-se aos
costumes e desejos de outros em função do seu poder económico, mas sim ser
necessário definir uma política que não escravize ninguém a ninguém e considere
o direito à cultura própria de cada povo.
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