Quando,
no governo de José Sócrates, os juros da dívida começaram a subir,
ultrapassando limites razoáveis, mesmo aqueles que ameaçavam tornar a dívida
insustentável, o então ministro das finanças não se mostrou muito preocupado,
afirmando, até, que a situação seria controlável enquanto os juros não
ultrapassassem a barreira dos 7%.
E
continuava José Sócrates a defender a política do empurrão para a frente com
projectos megalómanos de infra-estruturas que fariam ainda mais ricas ainda muitas
empresas e mais pobre o país, fazendo crescer a dívida e complicando uma
situação que a todos, com excepção dos insensatos, se revelava cada vez mais
perigosa, até que, também ajudado por uma oposição que ambicionava o poder e,
por isso, não se prestou à cooperação de que o país necessitava para sair da
situação crítica em que já se encontrava, aconteceu o inevitável, o pedido de
resgate financeiro.
Pouco
me interessaram então as promessas eleitorais que, como sempre, apenas serviram
para cativar os eleitores e não para esclarecer seja o que for, tanto mais que
a Troika entraria em Portugal e nos imporia, inevitavelmente, as medidas de
austeridade que não haveria como evitar, porque a bancarrota constantemente nos
ameaçava.
E
não puderam deixar de ser difíceis os tempos que se seguiram, com todos nós a
pagar as consequências dos excessos antes cometidos, ainda que, porventura, nem
sempre do modo que seria mais justo.
Passaram-se
três anos ou pouco mais e, felizmente, os resultados dos sacrifícios feitos e
pelos quais, naturalmente, todos muito reclamámos, começam a fazer-se sentir,
quanto a mim mais como consequência de uma mudança de atitude que nos faz ter
mais iniciativas e a ser menos dependentes do que possa acontecer do que por
outras razões quaisquer.
Aos
poucos, alguns de nós estão acordando para a nossa realidade e as iniciativas a que a
necessidade obriga vão tomando o lugar do comodismo que alguns ainda conservam de nada terem de
fazer para que os seus problemas sejam resolvidos pelos "direitos" que a Constituição lhes atribui!
É
o começo do regresso a uma inevitável cultura de subsistência em que apenas o trabalho
nos dará o que “direitos” alguns nos darão de forma sustentada.
Produzimos
muito mais do que antes produzíamos, aos poucos vamos ocupando espaços e
aproveitando recursos que estavam desprezados e, assim, vamos fazendo uma “revolução
cultural” que, infelizmente, os inevitáveis ambiciosos do poder contrariam com
insinuações de regresso à “boa vida” que nos levou ao charco! Porque mais do
que o bem do país, o bem de todos nós, desejam realizar os seus projectos de
ambição pessoal numa situação em que a fragilidade de muitos está demasiado
permeável a promessas que, uma vez mais como em tantas outras vezes, de nada
mais valem do que para os convencer.
Há
diversos indicadores que nos deveriam motivar mais para a continuação de um
esforço para conseguir melhor, para conseguir o muito que ainda podemos
conseguir, do que para a aventura de uma mudança que ou continua o caminho que
estamos a percorrer ou nos pode conduzir ao retrocesso que nos fará cair, de
novo, no buraco do qual estamos a sair.
Todos
nos recordamos, por certo, dos tempos em que o ministro dos negócios
estrangeiros foi contestado pela sua afirmação de teríamos uma dívida
sustentável ao atingir uma taxa de juros não superior a 4,5%, porque, dizia a
oposição, com “esta política” jamais o conseguiríamos.
Não
passou ainda tanto tempo assim e leio a notícia, fresquinha de hoje, que me
informa de que “Pelas 09:45 em Lisboa, os juros da dívida portuguesa estavam a
descer a dois anos para os 0,356%, a cinco anos, para os 1,328%, e a dez anos,
para os 2,535%, mantendo a tendência de queda verificada na Quarta-Feira”.
Sem comentários:
Enviar um comentário