Penso que nunca se falou tanto de liberdade
como agora, sobretudo por aqueles que fazem do conceito de liberdade total,
sem limites, o seu grande mérito. Decerto porque sem ela ninguém daria conta dos seus disparates.
Para além dos humoristas ou, melhor
dizendo, para além dos que têm a pretensão de o ser, também outros manifestam a
sua irrealidade mental nas contradições em que caem quando expõem as suas
razões de ser ilimitado algo que, de todo, o não pode ser sem ser negado a outrem.
Querer dar realidade a um conceito que a
nossa limitada condição de humanos não abrange, o infinito, é como que tentar
dar um sentido ao absurdo. É por isso que, não compreendendo o ilimitado, o não
podemos praticar.
Entre muitos que já se manifestaram acerca
dos limites da liberdade, lembro-me, por exemplo, de Saramago que disse que ela
acaba no limiar do crime, o que me parece ser uma visão sensata, ainda que
limitada, se crime for aquilo que não temos o direito de fazer aos outros
porque afecta a sua integridade física ou moral, tendo disso consciência.
Não estou certo da “fé” dos mandantes que,
em nome de Alá, levam outros, a quem incutiram uma “fé exarcerbada”, a cometer actos
odiosos na presunção de fazerem o que o seu Deus de si exige! Estes “fieis”
existem e continuam prontos a cometer as barbaridades que creem ser seu dever, seja onde for, algumas a
que não temos prestado muita atenção, como as que acontecem no sul do Niger e
na Négéria onde o Boko Haram vitimiza centenas, milhares de jovens raparigas
que degola ou transforma em assassinos ou em bombas humanas para, naquela
região, estender o estado islâmico. E foi ali, onde existem importantes
populações cristãs, que foram vandalizadas igrejas foram assaltadas e milhares
de cristãos têm de ser protegidos pela forças militares contra a fúria que o
novo número do Charlie Hebdo provocou por, em nome da tal liberdade ilimitada,
persistir nas caricaturas de Alá que levaram ao assassínio de quatro dos seus
cartoonistas e mais oito inocentes! No mínimo.
Terá
o Charlie Hebdo o direito de por em risco tanta gente, seja em França ou em
outro lugar qualquer do mundo, em nome de uma "liberdade" que não passa de um niilismo provocador?
Mostra-se a força persistindo no que levou
à violência, dando, desse modo, razões para mais violência ainda?
Penso que seria sensato utilizar a “inteligência”
não para provocar mas para reflectir sobre como fazer para punir efectivamente
ou evitar que um mal grave alastre ainda mais.
Espero que dos enormes lucros que a loucura
do último número do CE gerou, alguma coisa possa caber (a maior parte, senão o
todo, diria eu) aos inocentes que perderam a vida por conta alheia.
Por favor, não me falem em tolerância num
mundo predisposto ao maior conflito por tudo e por nada!
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