ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O PERDÃO DA DÍVIDA GREGA


Fui encontrar esta notícia de Março de 2012, sobre a qual devemos reflectir quando, pela mão do Syrisa que acaba de vencer as eleições gregas fazendo de Alexis Tsipras o seu primeiro-ministro, a Grécia exige que, tal como os Aliados fizeram à Alemanha depois de derrotada na II Guerra Mundial, a Europa também lhe perdoe a sua dívida que se tornou insustentável.
A notícia diz assim:

“O perdão da dívida grega atraiu mais de 80 por centos dos credores.
O acordo com os privados garante a Atenas o segundo empréstimo de 130 mil milhões de euros e tranquiliza, para já, os países da zona euro.
A operação de reestruturação de dívida foi segundo as autoridades gregas um sucesso.
Em termos práticos, os credores aceitaram perder mais de perder 50 por cento do valor facial dos títulos de dívida gregos
“Esta recapitalização será significativa e necessária para que o sistema bancário grego possa de novo acordar créditos à economia real” afirma Plato Moriokroussos do Eurobank.
Bancos, seguradoras e detentores do equivalente a certificados do Tesouro foram chamados a participar.
O perdão de pelo menos metade da dívida detida por entidades privadas foi uma das condições exigidas pela União Europeia e Fundo Monetário Internacional para conceder um segundo empréstimo à Grécia”.


Perdão concedido e a Grécia leva, como prémio, um segundo resgate de 130.000 milhões de euros.
Afinal, o exemplo de perdão da dívida alemã após a II Guerra Mundial que Tsipras invoca, já teve a sua réplica num perdão de que a Grécia beneficiou também, infelizmente sem as vantagens que os alemães souberam aproveitar, pois, desde então, a dívida grega não parou de crescer e atinge já quase o dobro do seu “produto anual”.
E não devemos esquecer de que Portugal também sofreu as consequências de tal medida, como sofreria se se repetisse.
Significa isto que o crescimento da dívida é inevitável sem as reformas estruturais que a permitam controlar. E mais significa que só pelo trabalho que bem aproveite os recursos naturais e pelo controlo das despesas será possível evitar que a dívida cresça continuadamente.
Que Europa poderá sustentar os caprichos de alguém que se não controla?
Mas nem será isso o que mais me preocupa neste mundo em grande desarmonia.
Como podemos queixar-nos do nosso mau viver, falar de injustiças e sermos tão egoístas quando mais de metade da população mundial sofre as agruras da fome, tem rendimentos perante os quais o nosso salário mínimo é uma fortuna, morre de doenças que uma vacina barata poderia evitar e é vítima de maus tratos que não seríamos capazes de suportar?
Será isso que, na sua política de gastar sem as limitações que a austeridade impõe, deseja o Syrisa, afinal o aliado natural da extrema direita xenófoba e racista? O que não admira porque, como é do saber comum, os extremos não passam de uma continuidade.
O que está a suceder seria, porventura, inevitável. Mas quem saberá o que vão ser as suas consequências?


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