Como
me lembro bem de quando as cantava.
Era
à noite, depois do encontro no local marcado.
Partíamos
com um plano bem definido para conseguir o máximo nas “janeiras” que pedíamos
em quadras bajuladoras, como esta que dizia
‘Inda
agora aqui cheguei
E
mal pus o pé na escada,
Logo
o meu coração disse,
Aqui
mora gente honrada!
E
continuávamos invocando os pastores que foram a Belém adorar o menino e, como
convinha que fizéssemos, cantando as virtudes dos Senhores da casa, assim
esperando despertar a sua simpatia para uma boa dádiva que bem merecíamos pelo
frio que suportávamos, transportado por aquele vento gelado que soprava dos
lados da Fraga da Cruz.
Levante-se lá minha Senhora,
Dessa cadeira de prata,
Venha-nos dar as janeiras
Que está um frio que mata!
Levante-se lá minha Senhora,
Dessa cadeira de prata,
Venha-nos dar as janeiras
Que está um frio que mata!
Apesar
das insistências, nem sempre o conseguíamos e tínhamos de recorrer a certas “pressões”
para forçar a generosidade que nem sempre acontecia. Cantávamos assim
Levante-se
lá minha Senhora,
Dessa
cadeirinha torta,
Venha-nos
dar as “janeiras”,
Senão... “fazemos-lhe” à porta
E,
por vezes, lá tinha de ser porque a palavra sempre deve ser honrada…
Eram
assim as brincadeiras que tínhamos quando não havia televisão, computadores,
iphones ou drogas para outras “distracções”.
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