Já
por diversas vezes me dei conta de um alegado desejo de cooperação e de
consensos que António Costa tem revelado. Porém, quando lhe é pedido que o
ponha em prática, diz que é isso que fará depois das eleições às quais apenas
se refere por uma necessidade de substituir o actual governo por um outro que
não esclarece o que fará para fazer melhor do que o actual, a quem os
compromissos que o país assumiu com a União Europeia a que aderiu e o resgate
financeiro que solicitou não deixam muitos graus de liberdade.
É
óbvio que António Costa dá como certa uma vitória absoluta que faça dele o
primeiro-ministro de Portugal que, depois, aceitará a cooperação que antes não quis
dar e proporá os consensos para os quais antes não esteve disponível.
Mas
será que a cooperação, há tanto tempo reclamada e considerada indispensável
para melhorar as condições de vida dos portugueses, pode esperar o tempo que
for preciso para satisfazer os interesses eleitorais de um partido cuja
sobrevivência, tal como a de outros, depende da alternância que permitirá
satisfazer as clientelas que, não será sem interesses próprios, os apoiam?
Penso
que não, sobretudo quando as dificuldades são grandes e o futuro precisa de
todos.
Mas
o futuro não se adivinha, previne-se e, por isso, não me parece que Costa se
esteja a preparar para as hipóteses mais prováveis, nas quais a maioria
absoluta não se inclui mas que lhe permitiria “reger a orquestra” a seu gosto.
Por isso não ficarei surpreendido se acontecerem resultados que lhe criem
dificuldades que não espera e, assim, mais atrasem a cooperação global que, na
realidade, é o que mais importa a todos nós.
Não
me parece ser esta a disponibilidade que se exige de um político para quem o
bem de toda a sociedade deveria ser prioridade imediata, não sujeita às oportunidades
que os sucessos eleitorais possam requerer.
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