ACORDO ORTOGRÁFICO

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sábado, 3 de janeiro de 2015

COM PAPAS E BOLOS…


É cada vez mais difícil, ao ligar a televisão, não dar de caras com um programa sobre desporto ou, melhor dizendo, com um programa sobre futebol onde os cérebros iluminados de “especialistas” ou de fanáticos clubistas debitam teorias de conspiração, fazem exercícios de adivinhação, extravasam ódios mal contidos, disfarçam invejas interesseiras ou montam esquemas infalíveis dos quais os verdadeiros responsáveis pelas coisas, aqueles que sabem o que realmente se passa parecem ser, afinal, os incapazes.
Ainda que por vezes se mostrem nas intervenções de alguns, não são apanágio da maioria a lisura de processos, a verdade intelectual, o comportamento ético e até a verdade dos factos que terão hipotecado a preconceitos mesquinhos ou a interesses obscuros.
Assim o futebol se vai afastando da verdade e do espírito que inspirou o "alma sã em corpo são" como os desportistas devem ser.
São incomensuravelmente mais longos os tempos televisivos dedicados às tricas de uma indústria que parece querer fazer da pobreza de espírito o seu melhor produto, do que aqueles que se dedicam a assuntos importantes, que o futebol poderia ser também se bem tratado, sobretudo numa altura em que tantos problemas graves se perfilam no caminho do futuro. Por isso seria de o tratar com os cuidados que tal realidade exige em vez de continuar a envolve-lo em ficções de uma abastança que já não existe.
Talvez seja, até, a necessidade de rapar o fundo do tacho que parece estar a ficar vazio, o que motiva tantos comportamentos depravados dos que, sem isso, voltam a não ser ninguém.
Mas, tal como em outros aspectos da vida, a mudança de mentalidades não é fácil porque as ambições exarcebadas de êxitos a curto prazo se sobrepõem ao bom senso que a estabilidade exige.
Apesar da austeridade de que até o futebol necessita, a televisão generalista será, em vez dela, mais um domínio de exploração desbragada deste negócio de milionários a prazo que pagam milhões que não têm e de “inteligentes” que mais não fazem do que criticar quem faça, o que, afinal, não é nada que, por toda a parte, se não veja os menos capazes fazer. E que bem o fazem…
Além do mais, são programas que ficam baratinhos e preenchem longos tempos que uma televisão de pouca qualidade não deixa de aproveitar... até ver.


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