ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

FELIZ 2015?


Quando, ainda muito novo, lia anedotas sobre o que seria a vida lá para 1950, o “engarrafamento” definitivo que o aumento acelerado de tráfego fazia temer, a mesa com mais remédios e suplementos alimentares do que comida e outras mais, estava longe de pensar que disso me iria rir ainda em 2015! Era um ano ainda tão distante quando o século XX parecia estar no seu auge que, de modo algum, podia entrar nas contas de quem então vivesse.
Na realidade, talvez pela pouca atenção que lhe dedicamos, o futuro acaba sempre por não ser aquilo que pensámos que seria.
É por isso que tenho as minhas bem fundadas dúvidas de que, também agora, o futuro que sonoramente acolhemos nas manifestações festivas que a chegada de um novo ano sempre inspira, seja o futuro feliz que desejamos.
Tê-lo-á sido no passado? Agora, será melhor ou pior?
Dependerá dos conceitos que tivermos sobre o que isso seja. Mas duvido que, por muito tempo mais, as circunstâncias nos consintam a esperança de poder continuar a fazer crescer o nível de consumismo que tanta gente faz feliz mas que prejudica, de um modo cada vez mais evidente, as condições sem as quais a qualidade de vida nem sequer existe! E não haverá vida sem a qualidade que permite que a haja.
Infelizmente, não espero dos políticos, aqueles a quem, tantas vezes de olhos fechados, confiámos o nosso destino na entrega do poder que, talvez por ironia, dizem ser nosso, que acabem com os jogos de poder e com as atitudes de satisfação pessoal que, como dizem aqueles que sabem, estão a por em risco o futuro de todos nós.
Do muito que já vimos na queda de ídolos perante os quais, rendidos ao seu sucesso, vergávamos a cerviz, pouco ainda nos garante a limpeza da podridão que faz deste nosso mundo um lugar difícil para a maioria de nós viver.
Uma vez mais, como sempre tenho visto ao longo da minha vida, não espero que alguma mudança séria aconteça sem aquele embate forte que, com as “estrelinhas” que sempre nos faz ver, produza a luz que clareie o que a cegueira estúpida antes nos ocultou.


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