Acabo de ler um trabalho,
no DN, cujo título é “década Casa Pia registou mais de 6.000 casos de pedofilia”!
E perante os arguidos, agora já condenados por terem molestado sexualmente
alguns jovens casapianos, lembrei-me daquele modo de dizer que se toma
simplesmente por brasileiro mas que, em boa verdade, eu ouvia na minha Terra
quando era pequeno, de um modo muito parecido. Cadê os outros?
A verdade, também, é que
muito antes do escândalo rebentar, já tinha ouvido falar da prostituição de
meninos e meninas menores que, diziam-me, facilmente, se podiam encontrar no
Parque Eduardo VII. Ali, diziam-me também, poderia ver figuras conhecidas em “manobras
de engate” asquerosas. Enfim, não era segredo para ninguém o que se passava. E,
por factos que vieram a lume, este ninguém abrange pessoas com
responsabilidades públicas a quem denúncias teriam sido feitas.
Agora que o “caso” parece
estar no fim, vamos ficar todos muito contentes porque foram ou vão ser
castigados os culpados?
Podem duas ou três figuras
que o caso tornou conhecidas dizer-se contentes e aliviadas com o resultado do
julgamento no qual, nem me custaria a acreditar, houve sempre a intenção de não
duvidar das queixas, de tornar exemplar o castigo de quem tenha sido apanhado
nas malhas do crime ou da dúvida, mas que deixou escapar, de um modo obviamente
grosseiro e leviano, muitos outros porventura mais culpados.
A pedofilia é um crime
hediondo e merecedor de duro castigo, mais até do que o que se aplica aos
homicidas, porque pior do que matar alguém é obrigar alguém a viver uma vida de
vergonha e frustração.
Por isso pergunto outra
vez: cadê os outros?
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