Conta-se que, há muito tempo,
quando os presidentes das câmaras eram nomeados pelos “homens bons” da terra,
numa das reuniões de escolha e enquanto as opiniões se dividiam, o mais velho
dos presentes afirmou que devia continuar o mesmo. E sustentou a sua razão dizendo:
se a sua grande obra, como dizem, foi uma estrada que serve a sua propriedade,
será a vez de, agora, fazer a nossa, enquanto um outro qualquer faria a sua!
Há muito bom senso nesta forma de
pensar que bem se poderia adaptar aos tempos que vão correndo se não fossem as
mil estradas que, agora, cada um pode fazer, não dando oportunidade a que outras
sejam feitas.
Mudaram muito os tempos e, bem
assim, o que neles se pode fazer, tornando cada vez mais complexa a escolha que
já não dependerá de uma simples estrada mas, quiçá, de milhões de razões e de muitos
interesses que se digladiam em guerras que pouco terão a ver com as intenções reveladas,
quantas vezes em promessas incumpríveis.
Mas se estas podem ser razões
para controlar durações de mandatos, o cada vez maior longo prazo que as
tarefas de construção do futuro exigem, parecem sugerir que os bons desempenhos
mereçam ser continuados para bem dos que, pelo que de bom se faça, são beneficiados.
Mas talvez a questão esteja mais na
escolha de quem deve ser escolhido, quase sempre mais em conformidade com
confrontos e interesses partidários do que com os autênticos interesses
municipais. Daí que eu pense que os candidatos autárquicos devessem brotar,
naturalmente, dos valores e interesses locais, em vez de serem determinados por
outras razões e estratégias, como acontece na maioria das vezes.
Esta será a questão de fundo,
depois da qual se poderia colocar a questão da continuidade dos mandatos que, tal
como as coisas estão, me não parece ser a mais importante de discutir.
Sem comentários:
Enviar um comentário