ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A DOENÇA DA IMAGINAÇÃO CURTA…


Há circunstâncias em que não adianta tentar puxar para tapar um buraco porque logo, em qualquer lado, outro buraco se destapa. Talvez até maior do que o anterior. É a doença da imaginação curta que muitos parecem ainda desconhecer, mas da qual este governo dá sobejas mostras de sofrer.
Revela-se a cada instante nesta terra por onde a fartura passou como uma praga de gafanhotos que a deixou rapada, de um modo que só muito trabalho e a imaginação permitem reconstruir. Trabalho a que poucos estão dispostos e imaginação que quase ninguém parece ter.
Hoje, sem os milhões que corriam daqui e dali como um maná e sem o crédito que, quase sem o querermos, nos enchia os bolsos e permitia a loucura de ter mais do que o necessário, senão mesmo o que nem sequer fazia falta alguma, reclamamos que volte um doce modo de viver em que o gozo dos proveitos suplantava o dever de produzir.
Esquecemos a labuta do dia a dia para ter o indispensável e habituámo-nos aos direitos de um emprego em que os deveres minguam na medida em que as conquistas crescem.
Agora, perante o pouco que há, a dor da perda é grande e aumenta na medida em que se torna evidente a impossibilidade de recuperar o que, afinal, não existia!
“Cortar” é a solução que a mais simplista análise revela necessária quando já nem a simples moderação é bastante.
Mas há um princípio que jamais deveria deixar de orientar todas as atitudes e é, sem qualquer hesitação, o da equidade que leve todos a contribuir sem privilégios ou discriminações negativas. Mas é evidente como o poder financeiro, político ou sindical preserva uns, enquanto os mais fracos são espoliados no pouco com que contam.
Uma situação que o TC já ignorou ao consentir o CES, ao contrário do que a maioria dos constitucionalistas tinham por certo por ser uma óbvia discriminação e, por isso, nela o Governo insiste, agora em versão ampliada, para contrabalançar a “injustiça” que o TC não consentiu, a de corrigir as diferenças entre as pensões que da função pública ou do privado se recebem.
A contribuição especial de solidariedade (CES) é o princípio infame do desrespeito pelo mais fraco que o TC jamais deveria ter consentido ou o Governo deveria ter imaginado, escondido no cínico esgar de um fingido sorriso que afirma não passar de “pedir um pouco mais aos reformados” para o bem de todos!
Como seria de esperar, a um disparate pode suceder outro ainda pior, o que é próprio da doença que afecta a imaginação.
Haverá como confiar nuns ou nos outros?

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