ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 26 de janeiro de 2014

O SOCIALISMO E AS ELEIÇÕES EUROPEIAS

Os socialistas portugueses pretendem fazer das eleições para o Parlamento Europeu um referendo que decida da continuação ou não do governo de Passos Coelho, esperando uma vitória que lhes permita exigir, de imediato, eleições antecipadas.
Além de me não parecer que existam razões para fazer corresponder argumentos tão distintos como os que nos levam a tomar decisões em eleições europeias ou nacionais, a menos que o alcance do “poder” seja a única razão, não me parece fácil que tenham sucesso nesse seu desígnio porque não apresentam argumentos suficientes para o alcançar.
Afinal, já toda a gente que pensa compreendeu que o “poder” é o único objectivo dos socialistas, para depois fazerem como os outros ou, o passado o faz crer, pior ainda, porventura tornando inútil muito do esforço feito na recuperação da credibilidade de Portugal perante os mercados de que não pode, de todo, prescindir.
Segundo um velho ditado que diz “nas costas dos outros vemos as nossas”, o sucesso da política que o PS tentaria por em prática pode aferir-se pelo que Hollande, o seu declarado grande mentor, conseguiu em França onde ela foi posta em prática para, bem depressa, os falhanços alcançados a fazerem criticar e, finalmente, por totalmente de lado.
Assim como a queda do Muro de Berlim desfez todas as dúvidas que sobre o comunismo ainda pudesse haver, a França socialista de Hollande foi a prova provada de que não é este o “socialismo” que resolve os problemas que criou.
O insucesso de Hollande que, desde bem cedo, desiludiu os franceses que esperavam das suas promessas um futuro melhor, a recuperação definitiva do peso da França na Europa e uma vitória na batalha contra a austeridade, obrigou-o a uma viragem claramente liberal que, formalmente, anunciou e é a razão de ser maior da previsão de uma vitória, até há pouco impensável mas que agora parece clara, da extrema direita de le Pen que, em outros países, poderá ter significativos efeitos.
Sem se entender com os problemas que a “crise” coloca, sem ser capaz, como prometeu, de suster o acréscimo do desemprego e sem conseguir parar o processo de baixa do poder de compra dos franceses, o governo socialista teve de render-se à realidade que o obriga, ao invés do prometido, a fazer “cortes” dramáticos numa despesa insustentável, os quais atingirão, pelo menos, 50 mil milhões de euros até 2017!!!
Tenho por certo que as contas devem ser postas em ordem como um primeiro passo para a estabilização da economia que múltiplas e fortes razões obrigarão a ser diferente desta que faz do aumento acelerado do consumo a condição indispensável para existir. Mas preocupa-me esta insistência de regresso ao desafogo passado que os políticos, tenham a cor que tiverem, prometem para alcançar o poder, mas tudo indica que não conseguirão concretizar. Por isso me preocupa o modo fácil como convencem tanta gente a quem, naturalmente, a austeridade mais fortemente incomoda e, por isso, lhes pode dar o poder, quase certamente para, depois, se arrepender como sucedeu com os franceses.
Depois, quem sabe se os eurocépticos formarão uma maioria no Parlamento Europeu ou se estas previsões farão acordar os tolos que julgam ser a União Europeia uma realidade indestrutível e a Alemanha a reconhecer que, afinal, não pode continuar a ser a beneficiária maior da subserviência financeira dos demais.


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