Os socialistas portugueses
pretendem fazer das eleições para o Parlamento Europeu um referendo que decida da
continuação ou não do governo de Passos Coelho, esperando uma vitória que lhes
permita exigir, de imediato, eleições antecipadas.
Além de me não parecer que
existam razões para fazer corresponder argumentos tão distintos como os que nos
levam a tomar decisões em eleições europeias ou nacionais, a menos que o
alcance do “poder” seja a única razão, não me parece fácil que tenham sucesso
nesse seu desígnio porque não apresentam argumentos suficientes para o
alcançar.
Afinal, já toda a gente que
pensa compreendeu que o “poder” é o único objectivo dos socialistas, para
depois fazerem como os outros ou, o passado o faz crer, pior ainda, porventura tornando
inútil muito do esforço feito na recuperação da credibilidade de Portugal
perante os mercados de que não pode, de todo, prescindir.
Segundo um velho ditado
que diz “nas costas dos outros vemos as
nossas”, o sucesso da política que o PS tentaria por em prática pode
aferir-se pelo que Hollande, o seu declarado grande mentor, conseguiu em França onde ela
foi posta em prática para, bem depressa, os falhanços alcançados a fazerem
criticar e, finalmente, por totalmente de lado.
Assim como a queda do Muro
de Berlim desfez todas as dúvidas que sobre o comunismo ainda pudesse haver, a
França socialista de Hollande foi a prova provada de que não é este o “socialismo”
que resolve os problemas que criou.
O insucesso de Hollande
que, desde bem cedo, desiludiu os franceses que esperavam das suas promessas um
futuro melhor, a recuperação definitiva do peso da França na Europa e uma
vitória na batalha contra a austeridade, obrigou-o a uma viragem claramente
liberal que, formalmente, anunciou e é a razão de ser maior da previsão de uma
vitória, até há pouco impensável mas que agora parece clara, da extrema direita
de le Pen que, em outros países, poderá ter significativos efeitos.
Sem se entender com os
problemas que a “crise” coloca, sem ser capaz, como prometeu, de suster o
acréscimo do desemprego e sem conseguir parar o processo de baixa do poder de
compra dos franceses, o governo socialista teve de render-se à realidade que o
obriga, ao invés do prometido, a fazer “cortes” dramáticos numa despesa
insustentável, os quais atingirão, pelo menos, 50 mil milhões de euros até
2017!!!
Tenho por certo que as
contas devem ser postas em ordem como um primeiro passo para a estabilização da
economia que múltiplas e fortes razões obrigarão a ser diferente desta que faz
do aumento acelerado do consumo a condição indispensável para existir. Mas preocupa-me
esta insistência de regresso ao desafogo passado que os políticos, tenham a cor que
tiverem, prometem para alcançar o poder, mas tudo indica que não conseguirão concretizar.
Por isso me preocupa o modo fácil como convencem tanta gente a quem, naturalmente,
a austeridade mais fortemente incomoda e, por isso, lhes pode dar o poder,
quase certamente para, depois, se arrepender como sucedeu com os franceses.
Depois, quem sabe se os
eurocépticos formarão uma maioria no Parlamento Europeu ou se estas previsões
farão acordar os tolos que julgam ser a União Europeia uma realidade
indestrutível e a Alemanha a reconhecer que, afinal, não pode continuar a ser a
beneficiária maior da subserviência financeira dos demais.
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